Saturday, October 21, 2017

FOGO! NÃO ACORDEM A TROPA!

Virá aí a revolução na prevenção e no combate aos fogos? - perguntava-se ontem no Público. 
Veremos, mas as condições para essa revolução, para qualquer revolução, triunfar, pressupõem a conjunção de forças com capacidade física e anímica capazes de suplantar as forças opostas aos seus objectivos. 
Neste caso, não se vislumbra que haja entre os partidos que suportam o actual Governo uma conjugação de propósitos suficiente para confrontar com sucesso os interesses instalados, as rejeições e os anti corpos identificados há muito tempo. 
De entre estes, destaco a ausência das forças armadas no combate aos fogos florestais, o inimigo das pessoas e do território mais previsível e mais letal. Todos anos, quando a temperatura escalda e o ar seca, as devastações provocadas por esse inimigo são combatidas, principalmente, por voluntários. Da tropa, raramente há notícia, e nunca alguma guerra foi ganha por milicianos.

Mas, repito-me, se o fogo é o inimigo mais persistente, previsível e devastador, se provado está que os fogos florestais são a arma mais eficaz (mais rápida) e eficiente (mais barata) para destruir pessoas e bens e ocupar o território, para que servem as forças armadas se não são convocadas para este combate e continuam a marcar passo nos quartéis enquanto o país é invadido? Não vislumbro que  inimigo possa invadir Portugal por terra, pelo mar ou pelo ar, mas admitindo que essa possibilidade existe, forçoso é admitir que tal inimigo aguardará pelos dias de verão e incendiará completamente o nosso país, de norte a sul, mobilizando umas dezenas, centenas, quanto muito, de incendiários para, pela calada da noite provocar um incêndio global. Enquanto a tropa estará à espera do inimigo que não chega.

Porque, provavelmente, continuará a estar.

"Em Espanha, há uma equipa a nível nacional, constituída por militares, que intervêm nos fogos de grande dimensão. Os peritos foram até ao país vizinho para estudar e apresentarem uma solução para Portugal, que, apesar de ir beber à solução espanhola, é de outra natureza. Por cá são mais comedidos na proposta e querem, utilizando os recursos existentes, propor a criação de uma Agência para Gestão de Fogos Florestais, altamente especializada, que sirva de chapéu à estratégia que defendem: unir prevenção e combate a incêndios numa única entidade com tutela directa da Presidência do Conselho de Ministros" - Público - 20/10.

Da reunião do Conselho de Ministros, hoje, que atribuições no combate aos fogos serão cometidas às forças armadas no combate aos fogos, nomeadamente o exército e a força aérea? Se as propostas são comedidas as decisões serão tímidas e os militares continuarão à espera do inimigo abstracto.

"Devia avançar-se para uma Proteção Civil militarizada", afirma-se aqui, mas quem o afirma não decide na matéria e quando teve responsabilidades no assunto ou não se lembrou ou preferiu calar-se.

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Correl . -

V E R G O N H A!, 23/8/2017
PORQUÊ?, 20/8/2017
AFINAL O INIMIGO EXISTE E É ESPANHOL, 19/8/2017
PARA ACABAR DE VEZ COM OS INCENDIÁRIOS FLORESTAIS, 18/8/2017
TUDO NA MESMA DEPOIS DE PEDROGÃO GRANDE, 13/8/2017
O QUE NÃO DIZEM OS ESPECIALISTAS, 7/8/2017
QUASE TUDO RESOLVIDO, 18/7/2017
INFAME, 5/7/2017
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Maior destaque das Forças Armadas, com a Força Aérea a assumir a gestão e operação dos meios aéreos de combate aos incêndios florestais  22/10/2017

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