Thursday, July 23, 2015

UMA IDEIA AFOGADA

Há uma sentença ditada pela filosofia popular que garante que as boas contas fazem os bons amigos.
A União Europeia corre o risco de desmantelamento, com todas as consequências que as contas por pagar implicam, porque os banqueiros, fiados que podem sempre contar com os contribuintes quando os seus devedores não aguentam com a carga e dão de lado, importaram volumes de crédito que eles sabiam muito bem serem excessivos, para gananciosamente arrecadarem comissões que os tornaram soberanos e inimputáveis.

É esta inimputabilidade que gera um equívoco que lança os do norte contra os do sul: contrariamente à mensagem que corre os contribuintes finlandeses (p.e.) não emprestaram aos gregos (p.e.). Quem emprestou foram os banqueiros alemães, holandeses, franceses, e, possívelmente, também algum ou  alguns finlandeses. Depois os gregos foram intimados a pagar o que deviam, a regurgitar o que tinham engolido, da noite para o dia. Não podiam. E para resgate daqueles que engendraram o risco sistémico o governo finlandês e os outros meteram no cepo a cabeça dos contribuintes.

Fossem outras as regras, fossem os banqueiros, os accionistas e os clientes dos bancos que foram para além de onde deveriam ir, obrigados, sem a intervenção dos políticos, a negociar os seus créditos bilateralmente com os seus devedores, as relações entre os estados membros da UE não teriam caído na armadilha externa, uma armadilha que os banqueiros colocam desde há muito tempo em muitos outros locais do mundo.

Nem a Grécia (p.e) seria sujeita a obdecer a um diktat que, inevitavelmente, só pode criar animosidades insaráveis durante muitos anos. 

Enquanto existir a rede (moral hazard) que apara os banqueiros em caso de queda dos trapézios em que exibem as suas habilidades, continuarão a acontecer crises e culpados que não serão culpabilizados. Neste caso, da crise profunda que abala a UE, as consequências são dramáticas porque lançam sementes de guerra entre  povos que se queriam unir para evitar a guerra. 

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*Comentário colocado aqui

1 comment:

Bartolomeu said...

A inimputabilidade dos banqueiros nesta questão da "importação de volumes de crédito, excessivos" não é o que verdadeiramente preocupa o comum cidadão, porque essa inimputabilidade é transversal aos do norte, e dos restantes pontos cardiais. A grande questão e que o cidadão já foi forçado a perceber, deriva da infalibilidade de ser ele, (der por onde der) o responsável pelo pagamento desses créditos incobráveis.