Obrigado E., pela mensagem.
Que subscrevo, sem objecções de monta, salvo dois pontos:
1º. O autor reprova o maniqueísmo mas cai no mesmo pecadilho, se não li mal.
2º. Considera (inevitável) a intervenção do Estado (alemão, ou outro qualquer) no resgate dos bancos porque se não ... lá se ia o nosso dinheirinho.
Ora estas coisas não são assim tão lineares, ainda que sejam comuns.
Os bancos dispõem de uma rede que os apara quando no trapézio fazem números mirabolantes ... e cobram comissões de arregalar o olho dos espectadores. No jargão anglo saxónico, como é sabido, esta rede é o "moral hazard", que significa que, façam os bancos o que fizerem, em última instância para não pagarem os depositantes as favas são chamados os contribuintes a pagá-las.
Meu Caro E.,
Durante dezenas de anos negociei contratos com gente de muita parte do mundo.
E não foi difícil perceber que negócios com gregos exigem muitas cautelas. Ninguém, que não ande neste mundo a dormir, ignora isso.
Os bancos também não. Mais: sobretudo os bancos.
Então porque emprestaram os bancos tanto dinheiro aos gregos? E aos portugueses, se virmos bem, sem qualquer faúlha maniqueísta nos olhos a perturbar-nos a visão?
Porque, lá está!, eles sabiam que se houvesse azar nos números arriscados, os que dão mais proveitos, alguém seria compelido a assumir o preço dos seus erros.
Não é isto escandalosamente imoral? Não acredito que digas que não.
Não há nada a fazer?
Ben Bernanke quando foi figura do ano da "Time", em entrevista concedida a esta revista, dizia que o problema (financeiro, entenda-se) mais bicudo dos EUA era o "too big to fail".
Continua (quase) tudo na mesma por este mundo do diabo. Lá e cá.
Até que o vulcão vomite novamente escândalos financeiros e queime os que estiverem ao seu alcance. Costuma acontecer periodicamente. As pessoas têm memória curta, os banqueiros perna longa.
Abç
2 comments:
Por isso a UE mandou actuar no caso do BES como se fez.Ao contrario do que os opinadores gostam de destacar a UE vai modificando o que está mal.E não avança mais porque os países que mais falam de solidariedade teimam em colaborar com a "solidariedade" com défices como Portugal. Italia, Grecia, Espanha...tudo bons e decentes solidários. Malvados só os que colaboram com contas em ordem ou superavit
Concordo que o caminho é esse, e já o anotei neste bloco de notas: que seja o sistema financeiro, i.e., a totalidade dos bancos e outras entidades que concedem empréstimos a responsabilizarem-se pelas eventuais fragilidades e que algum ou alguns se meteram.
No caso do BES, contudo, tudo se encaminha para ser o Estado, i.e., os contribuintes a assegurar a diferença entre aquilo que o Estado emprestou e aquilo que resultar da venda do Novo Banco, resultados das litigâncias incluidos. Os bancos, se bem percebo, estão no Fundo de Resolução em situação de faz-de-conta que pagam mas alegarão que não podem pagar. Oxalá me engane.
Post a Comment