Thursday, January 10, 2013

COMEÇOU A CAÇA AO DISPARATE

Era de esperar. A divulgação pública do relatório do FMI tinha que dar nisto: a confusão entre o que pensa (espera-se que pense) o Governo e o que pensa a meia dúzia de autores do parecer - Rethiking the (Portuguese) State - Selected Expenditure Reform Options - publicado aqui. A partir de ontem, não se debatem propostas do Governo mas o parecer dos seis técnicos. O PS não o fez por menos que, já hoje, exigir eleições antecipadas no caso das medidas do FMI serem aplicadas. Ora tanto quanto se sabe, o documento é um parecer solicitado pelo Governo português, e não pode atribuir-se-lhe prematuramente um alcance que manifestamente não pode ter.

Mas o PS não deixa de ter fortes razões para reagir à inconcebível autosuficiência deste governo, numa situação de crise gravíssima, em grande medida semelhante aquela que caracterizou o governo anterior. Se o PS é um dos subscritores do memorando de compromissos para com a troica, a primeira diligência inteligente que este governo deveria ter tomado era entregar ao líder do PS uma cópia do parecer solicitado e convidá-lo para uma discussão privada das medidas sugeridas no parecer que solicitou.

Não o tendo feito, prossegue uma política que jamais congregará os portugueses para uma  reforma séria e perdurável do Estado.
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Correl. - Cavaco Silva alerta Consitucional para impostos de classe sobre funionários públicos e pensionistas
Passos Coelho: Relatório do FMI não será a nossa "Bíblia"
PS admite não integrar a Comissão Parlamentar da Reforma do Estado
Passos Coelho: Governo não foi eleito apenas para executar o memorando da troika
Pedro Pita Barros: O quente relatório do FMI

6 comments:

Bartolomeu said...

A meu ver, Portugal está a precisar urgentemente, que seja feito um recenseamento à população.
-Situação profissional
-Situação familiar
-Aptidão profissional e/ou habilitações literárias.
-Naturalidade
A partir destas quatro condições, o governo procederia à distribuição das pessoas pelo país, segundo o lucal de nascimento, conciliando com as habilitações profissionais e as literárias e de acordo com a situação familiar, respeitando obviamente a concordância dos visados e proporcionando-lhes condições de mobilidade e adaptabilidade.
Aqueles que não fosse possível inserir directamente neste quadro, seríam absorvidos pelos serviços públicos do Estado, e pelas empresas de serviços e outras instaladas nas, ou junto às grandes cidades.
Assim, as famílias sairiam do actual marasmo, ser-lhes-ia dada oportunidade de iniciar novos projectos profissionais e de vida, em locais que provávelmente, devido à experiência acomulada, lhes ofereceriam melhores oportunidades.
Quase citando Isabel Jonet: a malta tem de aceitar a ideia de que "isto" está tudo "de pantanas" e que a salvação está em arregaçar as mangas e ir à luta, não ficar à espera que uns robôts que flanam sobre carpetes vermelhas, pelos corredores e gabinetes de antigos palácio, lhes vão atirar maços de notas pelas janelas.

Unknown said...

Nesta fase, graças à acção , desta comunicação sociel, o debate será boicotado...

Mas, um dia destes, aquele partido que se denomina socialista, vai ter de fazer cortes similares aos que o relatório do fmi refere (a realidade a isso vai obrigar). Nesse momento, o frenesim da comunicação social vai virar a agulha e mostrar ao cidadão qualquer coisa como o seguinte: se não cortarmos 50.000 - 100.000 funcionários, é toda estrutura, composta talvez por uns 700.000 funcionários e suas famílias, que pode colapsar. Jornalistas e comentadores, encarregar-se-ão de recordar que seria irresponsável, ignorar esse evidência...
Os cortes passarão então a ser necessários para assegurar a sobrevivência do Estado Social. O povo, mais conformado, viverá menos revoltado.
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/saber-comunicar-o-glamour-da-esquerda.html

rui fonseca said...

"...a salvação está em arregaçar as mangas e ir à luta ..."

Fogo à peça!
E alma até Almeida!

rui fonseca said...

"um dia destes, aquele partido que se denomina socialista, vai ter de fazer cortes similares aos que o relatório do fmi refere..."

Admitamos que sim. Mas nada justifica a auto suficiência deste governo (semelhante, aliás, à do governo anterior) de não procurar consensos alargados a todos os partidos e, muito particularmente, daqueles que são candidatos a participar na governação do país.

A auto suficiência é tanta que nem os reparos do PR considera.

É possível, nestas condições, construir um país diferente? Não é.

Quanto ao relatório do FMI, "não é a "Bíblia" segundo afirmou hoje o chefe do governo.

Se não é, por que o distribuiu ou consentiu na sua distribuição antes de falar com quem devia, a começar pelos técnicos do FMI?
Se o relatório lhe merece reparos por que não o reparou antes de o divulgar? Por que mandou com combustível para cima da chama?

Bartolomeu said...

Parecieis o destemido Conde de Frois, Nobre Cavaleiro Rui Fonseca!
;))

Antonio Janeiro said...

A divulgação publica do estudo foi um acto premeditado pelo governo para agitar as aguas e anular o falatório que existia sobre as inconstitucionalidades do orcamento de estado. O Relvas depois de passar o Ano Novo no Brasil naquele lindo hotel de Copacabana, na companhia do Arnaut e o Dias Loureiro onde discutiram o que fazer ao dito documento ,chegou a Lisboa e passou-o para o jornal com o objectivo de ver o que cola. O Marques Mendes antes das coisas aconteceram da conta delas na TVI.
Estamos entregues a miúdos ( ministros e secretarios) que ainda devem mijar nas cuecas .
Agora querem o PS na comissão só se fossem parvos!
Qual e a diferenca entre o Passos e o Sócrates a resposta vem na linha seguinte.......
São feitos da mesma merda,