Friday, November 04, 2005

O DIABO DO TABULEIRO DE XADREZ


A Justiça é, inegavelmente, não só um dos pilares da democracia, mas o seu pilar central. A democracia não sobrevive fora de um Estado de Direito, quando a Justiça não se afirma a democracia dissolve-se. Reciprocamente, a ausência de democracia gera a arbitrariedade da Justiça, isto é, a sua contrafacção.

Por tudo isto é lamentável que se ridicularize a Justiça e que a Justiça se deixe ridicularizar. Quando tal situação ocorre é a democracia que é posta em causa.

Há dias a impagável “Contra Informação” relatava as aventuras de “Os Malucos da Justiça” à volta da evasão fiscal e do eventual branqueamento de capitais em bancos portugueses. É salutar a ironia inteligente mas esta tinha sabor a mel e a fel. Dava para rir se não desse para recear o pior.

Os casos burlescos são já tantos, os níveis de confiança dos portugueses na Justiça são tão baixos, que os pilares de sustentação da democracia já gemem, só não ouve quem é duro de ouvido ou prefere assobiar para o ar.

Quase todos os dias temos casos novos. Ontem saiu mais um da cartola do prestidigitador: O caso do Tabuleiro de Xadrez.

Porque bulas é que se o Diabo afirma que ofereceu um magnífico jogo de xadrez a um homem íntegro, a Polícia invade a casa do homem íntegro à procura do Tabuleiro, não havendo suspeita de crime do homem íntegro?

E se, como era de esperar, não foi encontrado o Tabuleiro na casa do homem íntegro, porque continua o Diabo à solta? Porque é que o homem íntegro se contenta com a anunciação que, da parte dele, não há suspeita de crime e não exige á Justiça a condenação do Diabo por perjúrio?



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