Thursday, March 05, 2015

GRANADEIRO ABRIU O LIVRO ABERTO*


O sr. Henrique Granadeiro prestou ontem declarações à CPI ao BES durante seis horas. E disse muita coisa, ainda que não tivesse dito nada de relevantemente novo relativamente ao que já tinha dito noutras declarações públicas. Contrariamente a Zeinal Bava, que se vestiu de tolo para não cair em contradições flagrantes, Granadeiro adoptou por algumas declarações que só os tolos compram. 

Confirmou Granadeiro que é amigo desde há longos anos de alguns membros da família Espírito Santo, que falava frequentemente com Ricardo Salgado por razões de estabelecimento de estratégias uma vez que Granadeiro era presidente da PT e Salgado o presidente do BES, o maior accionista da PT, mas que nunca negociou com Salgado as condições das colocações dos excessos de liquidez da PT no BES e que tais colocações, relativamente avultadas quaisquer que sejam os critérios de comparação, foram, ao longo de mais de uma dezena de anos, sempre determinadas preponderantemente pelas remunerações oferecidas pelo BES. E que ele, Granadeiro, por sobrepor sempre os interesses da PT às relações de amizade com os Espírito Santo, em caso algum se prestaria a favorecer o BES nas decisões das aplicações das disponibilidades de Caixa da PT. Declarou ainda, repetidamente, que nunca se apercebeu nem foi informado por quem devia das dificuldades que atravessava o GES.

Não pode ser verdade, sr. Granadeiro.
É muito óbvio, para quem não ande totalmente distraído, que uma tão elevada concentração de risco no grupo GES, mesmo se tivesse resultado apenas da invocada remuneração sistematicamente competitiva oferecida por esse grupo, teria indiciado que o BES experimentava há muito tempo dificuldades de liquidez, obrigando-o a sobrepor-se às condições correntes do mercado.
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A sua tentativa de explicação da concentração de risco, que contribuiu em larga medida para a ocorrência dos factos demolidores subsequentes não é credível e só pode levar, a contrario sensu, a um ententimento contrário ao que declarou : as aplicações da PT no BES (ou no GES, na PT não se cuidava de distinguir quem era o quê, porque era Ricardo Salgado que punha e dispunha) foram feitas fundamentalmente em função de uma reciprocidade perversa de interesses pessoais entre Ricardo Salgado e os seus colaboradores na PT.

No entanto, tanto ou mais relevante que o esclarecimento das responsabilidades pelas aplicações financeiras feitas ao longo dos anos pela PT no BES, e no GES, - Granadeiro assumiu a responsabilidade pelas aplicações de 200 milhões -, são as perguntas feitas por Granadeiro, ainda sem resposta: por que razão, sendo a PT SGPS, a maior accionista na Oi se subjuga às decisões tomadas pelos accionistas brasileiros minoritários? Por que razão aceitou a PT SGPS a venda da PT à Altice aceitando, desse modo, a subversão dos objectivos da fusão?
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* Texto revisto às 19,30 h.
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