Putin, entalado entre as sanções económicas do ocidente e a queda brutal dos preços do petróleo, sem alternativas para inverter a consequente depressão económica e o descontentamento popular, precisa de uma forte ameaça externa para excitar o fervor nacionalista, e, deste modo, sustentar -se como czar da grande mãe russa. A receita é antiga mas funciona sempre. Todos os ditadores se alcandoraram ao poder apontando para um inimigo, real ou inventado. Mesmo em democracia, o inimigo externo é muitas vezes factor de uma coesão interna que, de outro modo, se esfarelaria. E se a história da humanidade também se conta pelo caudal de sangue ininterruptamente derramado ao longo dos milénios em nome de deuses ou de interesses desconhecidos, a partir do momento em que as armas inventadas atingiram o grau de potencial apocalíptico, a sobrevivência de toda a humanidade pode estar dependente do humor de um ditador enlouquecido.
Stanley Kubrick parodiou em 1964 aquela possibilidade de extermínio extremo da humanidade - Dr. Strangelove (Or: How I Learned to Stop Worring and Love the Bomb) -, já em período de Guerra Fria, e o episódio ficcionado foi recentemente relembrado por John Sawers, até há pouco tempo chefe dos serviços de inteligência exteriores britânicos (M16), numa conferência dada no mês passado no King´s College de Londres. Sobre o assunto, o El País de hoje publica um artigo - Teléfono Rojo: muy malas notícias - que mereceria ser lido e compreendido por todos os terráqueos em geral, e pelos senhores do mundo em particular, se o entendimento dos primeiros fosse suficiente e os umbigos dos segundos não lhes enviesassem o raciocínio.
Sobre o mesmo tema o Financial Times publicou recentemente dois artigos reveladores das actuais intenções de Putin: ontem, Russia delivers nuclear warning to Denmark, no dia 12 deste mês, Sweden sent troops to Baltic island amid Russia tensions.
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