Ricardo Salgado pode estar a ocultar factos relevantes, distorcer outros, fugir à verdade. Mas é altamente improvável que não seja dele o testemunho mais próximo da verdade prestado à CPI acerca da carga crítica que derrubou o "conglomerado misto" a que presidia: "Bava, Granadeiro e Oi sabiam que havia dinheiro da PT em dívida do GES" - cf. aqui. "Os
accionistas da Oi sabiam? "Sabiam e depois desmentiram. Tanto sabiam que
elas estavam nas contas do prospecto do aumento de capital da Oi". Mas, por outro lado, sabendo os accionistas da Oi da aplicação em dívida de sociedades do
GES, que acabaram por falir, por que razão não impediu que os termos da
combinação de negócios entre a brasileira e a PT fossem revistos,
prejudicando a portuguesa?
A resposta de Salgado - "estava demasiado centrado
nos problemas do BES " - é claramente inconsistente porque a aceitação da redução da participação da PT SGPS, onde o GES detinha a posição relativa mais relevante, sancionou de facto o argumento dos brasileiros - que invocaram desconhecimento do empréstimo como razão bastante para rever os termos do acordo reduzindo as participações iniciais - um argumento que Salgado refuta, invocando o prospecto do aumento de capital da Oi, mas depois não suporta com a posição tomada na assembleia de accionistas que aceitou a redução da participação portuguesa.
Há nestes jogos de sombras em que se têm envolvido os protagonistas da mais intensa série de crimes financeiros e de corrupção alguma vez praticada em Portugal, envolvendo banqueiros, políticos e ofícios correlativos, um persistente encobrimento dos comparsas menores: sabemos, por exemplo, que Oliveira e Costa é cabeça de cartaz de uma trupe que continua impune e é inacreditável que tenha sido protagonista isolado; sabemos que José Sócrates é preso preventivo por eventuais crimes que não pode ter executado apenas em dueto com Carlos Silva, mas desconhecemos os executantes, a Procuradora Geral da República afirmou há três semanas atrás que "há
uma rede que utiliza o aparelho de Estado e da Administração pública
para concretizar actos ilícitos, muitos na área da corrupção". - vd. aqui - e mais não disse, pelo menos por enquanto.
Na obscuridade em que se desenrolou a ainda incompreensível subjugação da PT SGPS aos seus parceiros da Oi que interesses cruzados, ainda por revelar, beneficiaram aqueles que entregaram a PT aos brasileiros por tuta-e-meia e deram, com a mesma cajadada, o golpe final no GES?
Na obscuridade em que se desenrolou a ainda incompreensível subjugação da PT SGPS aos seus parceiros da Oi que interesses cruzados, ainda por revelar, beneficiaram aqueles que entregaram a PT aos brasileiros por tuta-e-meia e deram, com a mesma cajadada, o golpe final no GES?
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