Saturday, August 16, 2014

MUDANDO DE ASSUNTO

Quem é que dá cerca de 10 mil euros por uma estátua em cera de Cristiano Ronaldo, de Angelia Jolie, ou de Putin, ou de Steve Jobs, ou de Leonardo Dicaprio.  Um Leonardo Dicaprio custará aproximadamente o dobro. Muita gente. O kitsch é um dos segmentos de negócio mais relevantes da Alibaba, conglomerado do sr. Jack Ma, o chinês que há cerca de catorze anos transplantou para a sua terra natal a ideia que, naquela altura, já tinha crescido e desenvolvido o comércio electrónico nos EUA. Segundo avaliação feita o ano passado pelo Economist, Alibaba poderá valer 120 mil milhões de dólares, a capitalização em bolsa da Amazon um pouco mais de 150 mil milhões. Alibaba valerá, portanto, cerca de metade de toda a produção feita em Portugal num ano.

Obviamente, Alibaba não vende apenas figuras de cera de celebridades da actualidade. Vende toda  a tralha que seja vendável e transportável a longas distâncias, desde as mais pequenas utilidades e inutilidades domésticas até artefactos em ouro e outros metais preciosos, passando pelos inúmeros items que a revolução electrónica inventa e produz massivamente.

É racional a atitude de um maduro que compra uma estátua destas, ou mais, sabe-se lá até onde poderá ir  a idolatria de alguns, e coabite com elas em casa ou no gabinete de trabalho, como se vivesse num museu Madame Tussaud? É tão racional quanto a racionalidade de outros, entre os quais me incluo, considerarem a idolatria e o kitsch detestáveis. Se eles gostam, por que não?

O que é curioso é o facto de a economia global, e muito em particular as economias de alguns países onde é abundante a mão-de-obra indiferenciada, dependerem em grande medida do consumo intensivo de kitsh em qualquer parte do mundo, mas sobretudo do mundo dito desenvolvido.

2 comments:

Pedro Fonseca said...

Suponho que tenha a ver com as modas, que hoje em dia sao amplificadas tremendamente pelos media. E o virtual esta' na moda.

Rui Fonseca said...

Hum! Não sei, não.
O kitsh é uma praga em crescendo desde há muitos anos. Mas se, por hipótese, acabassem com ele a economia global sofreria uma derrocada.

O mundo, não há dúvida, também sustenta de inutilidades.