Thursday, August 14, 2014

ACERCA DAS CAMBADAS DA PT E DA OI

Cada vez se revela mais evidente o que é há muito é muito claro desde o momento em que se tornou público que a PT vinha emprestando à RioForte desde o princípio do século valores que em Fevereiro último tinham atingido um exótico montante de quase 900 milhões de euros: nenhum dos administradores, nenhum dos membros da comissão de auditoria, nenhum dos auditores, revisores oficiais de contas, nenhum técnico de contas, poderia desconhecer que tal empréstimo rolante existia e, mais, que vinha sendo disfarçado nas contas com depósitos no BES.

E não podia ignorar pela mais elementar razão: qualquer aprendiz de contabilidade sabe que uma das responsabilidades mais elementares do técnico de contas é a verificação da coincidência dos valores em depósitos bancários revelados no balanço com os extratos dos bancos envolvidos; qualquer iniciado em auditoria contabilística sabe que qualquer teste à consistência das contas da empresa auditada passa sempre pela verificação dos valores que reflectem as relações da empresa com terceiros e, muito especialmente, com bancos; qualquer director financeiro, qualquer administrador financeiro, qualquer administrador, qualquer membro da comissão de auditoria, não poderia ignorar que um valor tão elevado na conta de disponibilidades apresentava uma anormalidade evidente. A menos que todos, à excepção do caixa e do contabilista , sejam incompetentes, uma qualidade inadmissível em gente tão qualificada e principescamente bem paga.

Também, e por maioria de razão, não poderiam desconhecer os negociadores da Oi da coligação com a PT, que havia disponibilidades anormalmente elevadas no balanço desta última e que uma parte significativa respeitava a um empréstimo da PT à RioForte. As auditorias porque passam negócios desta grandeza não poderiam deixar escapar uma desconformidade tão evidente: os saldos de depósitos no BES acusavam nas contas da PT um excesso de quase 900 milhões de euros sobre os extratos do banco.

Hoje foi divulgada convocação (de 39 páginas) da Assembleia Geral da PT para o dia 8 de Setembro.
É muito possível que esteja arquitectado um cambalacho entre os membros de ambas as cambadas e os accionistas com peso suficiente para aprovar a proposta de emenda dos protocolos anteriores e a redução estrondosa da participação da PT na coligação com a Oi. Uma inevitabilidade a que, no entanto, pelo menos a CMVM poderá, e deverá, opor-se. Esperemos, que esteja atenta e decidida a fazer o que deve ser feito.
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Leio no Expresso Diário de hoje que "Tesoureiro da PT chamava BES ao que era GES". Irra que é ileteracia contabilística a mais: do tesoureiro e do jornalista que titulou a notícia. Admitamos que o Tesoureiro é incrivelmente muito mais incompetente do que seria de esperar para quem mexe com milhares de milhões de euros. Ainda assim, tenha ele trocado as mãos porque é asno ou porque lhe tenham mandado trocá-las, quem conferiu as contas de depósitos, e são vários os que têm essa responsabilidade, não deram pela troca durante tantos anos? Nem por ironia, senhor jornalista.
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(15/8) -  Aqui:
Rioforte: Ata da PT revela: "Só não sabe quem não quer ver"
Uma ata de uma reunião do Conselho de Administração da PT, datada de 10 de Julho, em que se gera uma discussão ‘acesa’ sobre quem teria ou não conhecimento da compra de papel comercial da empresa à Rioforte, e a que o Expresso teve acesso,  dá a entender que Zeinal Bava, atual CEO da Oi, sabia dos investimentos da PT em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES).

Na reunião em questão, o administrador Pacheco de Melo é incentivado por Paulo Varela, administrador pela Visabeira, a dizer “de uma forma clara se as pessoas da Oi sabiam ou não” da dívida da PT à holding Grupo Espírito Santo (GES).
A resposta foi longa, mas clara: “Esta operação é uma prática recorrente da empresa, pelo que é natural que as pessoas que cá estiveram soubessem que havia aplicações junto do Banco Espírito Santo e colocadas por este. (…) Após a transferência dos ativos, só não sabe quem não quer ver”.
Já de Rafael Mora, homem-forte da Ongoing – segunda maior acionista da PT –, ouviram-se as seguintes palavras: “Chegou o momento de uma vez por todas de resolver os problemas e não de se ‘armarem em mártires’ pois não vou aceitar, nem mais um minuto, que os responsáveis da Oi nos continuem a crucificar na praça pública quando é evidente que eles sabiam, nomeadamente o presidente e o CFO da Oi”.
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(15/8) -  Aqui afirma outro que "não interessa se Zeinal sabia" porque "ninguém acredita que ele não soubesse". "Durante anos ele viveu e construiu estas relações entre o BES e a PT. E isso é que conta"
Ridícula conclusão: Ele sabia mas não interessa se ele sabia. Isto é, não interessa, que a máscara lhe seja arrancada e seja derrubado do poleiro para onde agora foi servir outro senhor deixando as consequências das suas mascambilhas a pagamento dos contribuintes portugueses!

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