Monday, August 25, 2014

COISAS DE OUTRO MUNDO

Entro numa livraria, só livros em segunda mão, concluo pouco depois, percorro a vista pelas estantes a ocupar um tempo de espera, e retiro um exemplar ainda com razoável aspecto, de um diário do embaixador dos EUA em Nova Deli, entre 1961 e 1963, nomeado por Kennedy - "Ambassador's Journal: An American view of India" -, de John Kenneth Galbraith.
Dez dólares. Decido comprá-lo, além do mais, por coincidir com o fim da presença portuguesa na Índia após a invasão (libertação, para os indianos) dos territórios de Goa, Damão e Diu em 18 e 19 de Dezembro de 1963.

- Quanto custa?, pergunto, já com dez dólares na mão, para saber quanto eram as taxas, nos EUA os preços são indicados sem taxas.
- Dez dólares.*
- Na venda de livros em segunda mão não são cobrados impostos?, estranhei eu.
- Não senhor. Nem livros em segunda mão, nem novos, nem o seu almoço, se cá almoçar, nada no Delaware paga imposto de consumo.
- Só o rendimento paga impostos, é isso?
- Sim senhor. É por isso que vem muita gente de Estados vizinhos, da Pensilvânia, por exemplo, vêm aqui fazer as suas compras de televisores, máquinas de lavar roupa ou de lavar louça, de seja o que for.
- Então deve ser elevado o imposto sobre o rendimento?
- É aceitável.
- Como pode o Delaware prescindir do imposto sobre o consumo e outros Estados, por exemplo a Califórnia, terem défices que os colocam à beira da bancarrota?
- Ah! Isso não sei dizer-lhe.

Eu também não. Mas vou tentar saber.
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* Curiosamente o mesmo livro, também usado, está à venda na Amazon por 710 dólares.
É o que pode chamar-se um negócio do Delaware...


2 comments:

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
Eu sempre disse que os impostos só servem para engordar o Estado e estragar a economia (isto para ser entendido em sentido hábil, claro está...).
Claro que são precisas políticas redistributivas e o Estado Social foi uma conquista.
Mas, a partir de certo ponto, o Estado torna-se um destruidor de recursos, penalizando a generalidade dos cidadãos em proveito de uns tantos que o tomaram por conta.

Rui Fonseca said...

Obrigado, António, pelo teu comentário.

Parece, contudo, que o Delaware não é muito aliciante para viver. O sistema educativo, um ponto que as famílias valorizam bastante, é medíocre segundo algumas opiniões que recolhi.

Vou tentar saber mais.