Assim, concluiu o ministro Vítor Gaspar a conferência de imprensa realizada esta tarde para apresentação do programa de incentivos ao investimento. Para além do ministro das Finanças e dos secretários de Estado do seu ministério, estava presente o ministro da Economia.
O comunicado vai, naturalmente, suscitar comentários nos próximos dias, e é muito previsível que do lado dos partidos que apoiam o governo a afirmação de Vítor Gaspar seja publicamente aplaudida, procurando Paulo Portas, ainda que implicitamente, manifestar o seu agrado por ter sido Gaspar obrigado a corrigir a rota de intransigência financeira que formatou, até agora, o seu retrato político junto da opinião pública. Do lado da oposição, será o atraso das medidas a principal alvo das suas críticas.
Álvaro Santos Pereira, chamado a intervir por Vítor Gaspar no período de perguntas e respostas, pouco adiantou, nem tinha por onde, ao comunicado lido por Gaspar. Mas, inquestionavelmente, é ele o vencedor do dia ao ter antecipado a maior parte, se não a totalidade, das medidas hoje lidas pelo seu colega as Finanças.
Sobre a oportunidade deste anúncio de medidas e da eficácia do conjunto só o tempo permitirá avaliar. Vítor Gaspar gastou metade do seu discurso para justificar as razões pelas quais o anúncio de hoje não poderia ter sido feito antes. Os constrangimentos externos e internos não são hoje menores que eram antes. As nuvens negras continuam a adensar-se sobre a Europa.
Internamente, os impedimentos da justiça e da burocracia estão ainda bem longe de poderem garantir aos investidores a competitividade de confiança necessária para os atrair. A coligação que suporta o governo está por um fio que Portas pode cortar quando achar oportuno. A carta de missão dirigida à Caixa Geral de Depósitos, comprometendo-a no financiamento da economia produtiva, vai cair em mãos que, provadamente, não sabem fazer aquilo que o governo lhes quer incumbir. O prometido apoio do banco alemão para o desenvolvimento pode ser um presente envenenado: as empresas portuguesas não precisam tanto de financiamento; precisam, isso sim, de custos de financiamento que não as tornem competitivamente inviáveis.
A sociedade portuguesa sofre de uma crise de confiança endémica que o confronto partidário sem tréguas potencia. Que confiança pode inspirar aos investidores estrangeiros uma sociedade onde a auto confiança anda de rastos?
2 comments:
Este é o momento das grandes empresas exportadoras passarem a pagar menos IRC, isto porque o investimento que terão que fazer já é normalmente nesta ordem mesmo em anos de reduções .Para as grandes empresas acabou de sair a sorte grande e são aquelas que já têm as sedes
no exterior. Mais uma que não vai gerar emprego nem dinamizar a economia e as pequenas e médias empresas não precisam disto porque não vendem porque não há procura interna.
Isto é só para parolo ver!
"Este é o momento das grandes empresas exportadoras passarem a pagar menos IRC, isto porque o investimento que terão que fazer já é normalmente nesta ordem mesmo em anos de reduções ..."
Não quero acreditar que os investimentos de substituição ou manutenção estejam incluídos.
De qualquer modo, parece-me um objectivo inalcançável em 2013, a menos que haja uma carteira de projectos já programados e financiados à espera destas medidas. Estamos a meio do ano e estas coisas não se realizam premindo um botão.
Veremos.
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