Umas horas antes de ser afirmado por Mário Soares na Aula Magna que - vd aqui - apesar do Governo de Pedro Passos Coelho ter sido eleito já "não deve ser considerado legítimo", tendo em conta as repetidas manifestações de desagrado que têm tomado as ruas e por ter "ignorado a Constituição", mimoseavam-se na Assembleia da República os líderes parlamentares do PCP e BE, de um lado, e do PS, do outro, repetindo o refrão de sempre: o PS diz querer procurar um consenso à esquerda, como manda o seu patriarca, mas subscreve e prossegue uma política de direita logo que chega ao poleiro.
E percebe-se que assim seja.
Para o PCP, a sua aversão a uma coligação com o PS é uma questão de sobrevivência. No dia em que o PCP transigisse e aceitasse um acordo, mesmo que fosse apenas de incidência parlamentar, reduzir-se-lhe-ia a sua margem de contestação que é a sua assegurada fonte de rendimento político. Para o PCP acordos políticos com o PS, para serem subscritos pelos comunistas, teriam de indubitavelmente subordinar-se à ideologia comunista. Mário Soares ignora isto? Não ignora. Mário Soares, mesmo aos 88 anos de idade, precisa de palco para respirar. E aventura-se por onde lhe dá na real gana, convicto que terá sempre aplausos mesmo que a cena lhe saia frouxa.
Ontem à noite, depois de ter ouvido tantas e tão entusiasmadas palmas, Soares deve ter regressado a casa satisfeito pela unanimidade contra a austeridade e o actual governo, que dominou o encontro da esquerda que promoveu. Um consenso que, no entanto, abastardou as suas convicções democráticas ao reclamar - como o PCP e a CGTP - a prevalência das manifestações de rua sobre a vontade dos eleitores expressa segundo os princípios da democracia burguesa. Presume-se que o líder do PS não subscreverá a reclamação do seu histórico líder. Talvez por isso não compareceu no encontro. Nem ele nem o líder do PCP, obviamente.
E, obviamente, uma coligação à esquerda continua a não ser sequer uma miragem, porque não é imaginável sequer.
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Correl. - Membro do Governo de Passos Coelho faz campanha pelo PS ... por engano.
Ex-braço direito de Sócrates defende comentadores da direita
Porquê ler os clássicos
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Correl. - Membro do Governo de Passos Coelho faz campanha pelo PS ... por engano.
Ex-braço direito de Sócrates defende comentadores da direita
Porquê ler os clássicos
1 comment:
Há maior fraude que esta verborreia socialista de esquerda radical qnd está na oposição? Vejamos as medidas que os socialistas tomaram quando estiveram no poder: os (agora célebres) empréstimos com contratos "swap", as cláusulas especulativas nas PPP, contrair dívida junto da banca como ninguém…
É lindo - às 2ªs, 4ªs e 6ª feiras - observar os socialistas criticarem a "economia de casino", no discurso dos seus dirigentes é frequente vê-los imputar as responsabilidades da crise em que Portugal está mergulhado ao sector financeiro) “sacudindo a água do seu capote” da sua governação.
Mas depois, às 3ªs e 5ª feiras, embrulhado com umas balelas de “alternativa de esquerda”, de um “crescimento económico” ou de uma “luta contra a austeridade”, serem os maiores fomentadores dessa mesma especulação financeira!
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/04/o-neoliberalismo-de-esquerda-tem-outro.html
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