Monday, May 13, 2013

OS NOVOS AGRICULTORES

Com a crise a apertar há muita gente a voltar ao campo. Muita gente voltou a ter a sua hortinha para equilibrar as contas. Essa gente aguenta-se melhor do que aqueles que moram nas grandes cidades. Lá para os meus sítios vê-se muito disso. A agricultura é agora a saída para muita gente. 
 
Puro engano.
Se no espaço de poucas décadas os campos foram abandonados, se o sector primário deixou de empregar a maior parte da população activa em todo o mundo desenvolvido, que inversão de circunstâncias pode determinar um súbito interesse das pessoas por uma actividade que deixou há muito de ser de mão-de-obra intensiva? Só por desespero, último recurso ou evasão à turbulência da vida urbana depois de ter amealhado o suficiente para um resto de vida confortável.

Qualquer exploração agrícola, como qualquer outra actividade económica, só pode ser competitiva se tiver  dimensão adequada. De outro modo, ou é economia de subsistência ou um prazer mais ou menos dispendioso. Não tem meio termo. Resulta daqui que, ou há reestruturação fundiária que permita aproveitar mais solos aráveis de forma competitiva ou a oportunidade agrícola, que muitos vêm como alternativa à crise e ao crescimento do desemprego, é uma miragem.

De qualquer modo, a agricultura não é, nem será mais, uma actividade que possa criar muitos postos de trabalho. Não é e não será mais uma actividade económica que possa estancar o crescimento do desemprego. Mas poderia, e deveria, aumentar o crescimento do rendimento nacional e reduzir a dependência alimentar externa.

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