Comparado com o custo que os portugueses pagam, e continuarão a pagar por muitos anos, pelo escandaloso caso do BPN, as inúmeras despesas suportadas pelos contribuintes sem qualquer outro critério para além da promoção pessoal dos que as realizam e, eventualmente, o recheio dos seus bolsos e dos seus coniventes, são, se consideradas individualmente, migalhas; somadas tantas parcelas o resultado é pesadíssimo para os contribuintes e impede outras acções socialmente meritórias.
Obviamente, porque o olho se arregala quando a carteira imediatamente não sente, muitas dessas obras ou acções socialmente inúteis compram o eleitor que, geralmente esquece, a sua condição de contribuinte. No caso das despesas autárquicas, a anestesia fiscal é total. Para o eleitor de uma autarquia toda a obra feita no local, mesmo a mais extravagante, é imaginariamente paga por um ser alheio e supremo qualquer. Repito-me: O único meio eficiente de incutir sentido crítico nos eleitores a nível local e regional seria de cometer às autarquias o poder de fixar impostos e a responsabilidade de os cobrar.
Mais um exemplo, a juntar a outros que tenho anotado de vez em quando neste caderno apontamentos:
Em Cascais, o senhor João Cordeiro, candidato à presidência da Câmara como independente apoiado pelo PS, iniciou a promoção da sua carreira política com uma sementeira de cartazes de largas dimensões por todo o concelho. O que se propõe fazer o senhor Cordeiro? Segundo o cartaz, liderar. E mais não diz o outdoor, para além de lhe mostrar o rosto, muito conhecido, aliás, do tempo em que até, recentemente, foi (não sabemos se continua a ser) patrão incontestado do monopólio financeiro farmacêutico.
Nisto, não se distingue, a candidatura do senhor Cordeiro de outra candidatura independente liderada pela Dona Isabel Magalhães, que se apressou também a semear cartazes com um grande plano da senhora candidata. É esperável que, dentro de poucas semanas, o concelho de Cascais esteja forrado de cartazes, já que candidatos há muitos, da esquerda mais jurássica à direita mais disfarçada. Dentro de pouco tempo, o país estará saturado destes cartazes com figurões em cada esquina. Quem paga este estendal, quem paga? De um modo ou de outro, pagamos todos os que pagam impostos porque não há almoços grátis.
Também não se distinguem, geralmente, os candidatos das administrações incumbentes. Em Cascais, para além dos cartazes dos candidatos, há os cartazes de promoção desproporcionada de actividades que não valem, quando valem alguma coisa, o custo dessa promoção. Por outro lado, esperam anos e anos por recursos outras obras mais merecedoras mas com menos impacto no olho do eleitor esquecido da sua contribuição de contribuinte.
É o custo da política do show-off em Portugal.
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