Não são ainda sinais de fogo mas são inquietantes.
Em França, que um dia proclamou a vitória da trindade dos valores humanos fundamentais - liberdade, igualdade, fraternidade - no dia do trabalhador deste ano é notícia maior o desfile de milhares de manifestantes da extrema-direita liderados por Marine Le Pen, reclamando, além do mais que não é despiciendo, a saída da França da União Europeia e da Zona Euro, e, muito incisivamente, "a França para os franceses".
Se Marine Le Pen liderasse um partido minúsculo, representativo apenas de um conjunto muito restrito de nacionalistas ressabiados, as palavras de ordem que hoje se ouviram em Paris não teriam um significado relevante. Mas o partido nacionalista de Le Pen, segundo as mais recentes sondagens, um ano depois das presidenciais que elegeram Hollande, recolhe entre 21 a 23% das intenções de voto, situa-se em segundo lugar a seguir ao ex-presidente Sarkozy (34%) e acima de Hollande que cai redondamente para o terceiro lugar (19%). Mais impressivo, contudo, é o voto de 40% da classe operária em Le Pen, uma adesão que decorre, obviamente, do sentimento xenófobo que o apelo da "França para os franceses" desperta na classe mais atingida pelas consequências dramáticas da política de austeridade a que a França de Monsieur Hollande, malgré também se submeteu.
O internacionalismo operário foi uma miragem que as duas guerras mundiais germinadas em solo europeu desmentiram, e os europeus mataram-se uns aos outros sem impedimento nem qualquer mediação de interesses de classe, cilindrados pelos instintos nacionalistas. Sessenta e oito anos depois da rendição nazi, os sinais de desagregação da União Europeia são demasiado evidentes para serem ignorados.
E, no entanto, a escalada anti unidade europeia progride imparável como se, determinada pela fatalidade da sua diversidade cultural, a desmontagem dessa unidade iniciada com a declaração Robert Schuman de 8 de Maio de 1950, e construída ao longo dos últimos sessenta e três anos, possa devolver à Europa a garantia de paz que ela nunca teve ao longo dos séculos, e que foi a razão maior dos pais fundadores da União, testemunhas horrorizadas com a devastação da guerra terminada pouco tempo antes.
A memória das sociedades ainda é mais curta que a memória dos homens.
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Correl. (2/5) - "Ou integramos mais ou perdemos a UE ... A banca, que é o coração da economia e foi resgatada pelos contribuintes, tem responsabilidades acrescidas no processo de integração"
Mas quem é que, neste caso, dará ouvidos a Horta Osório, a começar pelos seus pares na City?
O internacionalismo operário foi uma miragem que as duas guerras mundiais germinadas em solo europeu desmentiram, e os europeus mataram-se uns aos outros sem impedimento nem qualquer mediação de interesses de classe, cilindrados pelos instintos nacionalistas. Sessenta e oito anos depois da rendição nazi, os sinais de desagregação da União Europeia são demasiado evidentes para serem ignorados.
E, no entanto, a escalada anti unidade europeia progride imparável como se, determinada pela fatalidade da sua diversidade cultural, a desmontagem dessa unidade iniciada com a declaração Robert Schuman de 8 de Maio de 1950, e construída ao longo dos últimos sessenta e três anos, possa devolver à Europa a garantia de paz que ela nunca teve ao longo dos séculos, e que foi a razão maior dos pais fundadores da União, testemunhas horrorizadas com a devastação da guerra terminada pouco tempo antes.
A memória das sociedades ainda é mais curta que a memória dos homens.
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Correl. (2/5) - "Ou integramos mais ou perdemos a UE ... A banca, que é o coração da economia e foi resgatada pelos contribuintes, tem responsabilidades acrescidas no processo de integração"
Mas quem é que, neste caso, dará ouvidos a Horta Osório, a começar pelos seus pares na City?
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