Olli Rhen acusou o sistema financeiro de ter criado uma armadilha de liquidez, em particular no sul da Europa, durante a apresentação das previsões da primavera da Comissão Europeia.
Quando li o título da notícia a primeira ideia que me ocorreu foi a armadilha de liquidez com que a banca endividou sobretudo o sul da Europa há uns anos atrás. Só depois percebi que o comissário europeu para os assuntos económicos e fiscais se referia, não à enchente de liquidez oferecida a preços de saldo e que provocou a crise das dívidas soberanas, mas à falta de liquidez que atrofia a recuperação económica possível num contexto excepcionalmente adverso.
Olli Rhen sabe bem que foi a primeira armadilha que determinou a segunda, que está a minar a situação económica, sobretudo dos países da Europa do sul, mas também, embora, para já, em muito menor grau as economias do norte, nomeadamente a da Alemanha. Segundo previsões da primavera da Comissão Europeia, "a recessão da Zona Euro este ano vai ser pior que o esperado com uma contração do PIB de 0,4%, em vez dos 0,3% previstos anteriormente. A taxa de desemprego na zona euro deve chegar aos 12,2% e 11,1% para os 27.
Em relação a Portugal, as previsões de Primavera da Comissão Europeia agravam as expectativas em todos os indicadores económicos, coincidindo agora com os números do governo. A economia portuguesa deve contrair 2,3% (-1,9% em Fevereiro), o desemprego sobe para cima de 18,2% (17,3%), o défice atingirá os 5,5% (4,9%) e a dívida chegará aos 123%. Estas previsões ainda não têm em conta as medidas que vão ser anunciadas (hoje) mas a Comissão receia que a situação de Portugal se agrave ainda mais".
Às 20 horas de hoje o senhor Passos Coelho anunciou ao país um conjunto de medidas de mais austeridade impostas pela troica, onde o senhor Olli Rhen é o principal representante da Comissão Europeia. Não sabemos que significado se pode atribuir ao receio referido nas previsões da Comissão Europeia de que a situação em Portugal se agrave ainda mais.
O senhor Olli Rhen sabe bem, e o senhor Passos Coelho devia saber, que a solução não passa, ou não passa primordialmente, pelas medidas hoje anunciadas pelo primeiro-ministro português. Sem a responsabilização da banca na armadilha que colocou durante vários anos, não há solução possível. O aumento de liquidez a economias sobre endividadas pode adiar o seu colapso mas não pode evitá-lo porque a carga de juros é insuportável para as famílias, para as empresas, para o Estado.
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Ao mesmo tempo que registo estas notas ouço a informação que o CDS não comentou as declarações do senhor Passos Coelho e que no próximo domingo o senhor Paulo Portas fará uma declaração.
De termo de uma coligação minada?
Muito previsivelmente o senhor Passos Coelho cairá um dia destes na armadilha que ele mesmo construiu quando formou o governo dispensando o PS de responsabilidades na execução do memorando que ele e o senhor Paulo Portas assinaram conjuntamente com o senhor José Sócrates, de que o senhor António José Seguro é sucessor livre de ónus.
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