Sunday, August 15, 2010

METRO POR METRO

Reciprocidade total à prova da intolerância

Imagine-se que um ataque terrorista invocadamente feito em nome do Islão destruía a Baixa de Lisboa junto ao Terreiro do Paço vitimando três centenas de pessoas.

Passados poucos anos, um construtor pretendia erguer um prédio de cinco andares a trezentos metros de distância, no Campo das Cebolas, e nele se instalava um Centro Islâmico incorporando um espaço para orações, uma mesquita. Admitamos que não existiam restrições legais, decorrentes dos regulamentos camarários ou outras. 

Como é que os lisboetas reagiriam? Contra, estou certo disso.

A religião não deveria, em caso algum, ser uma arma de combate. Mas, lamentavelmente, é, frequentemente. 
E também um negócio em muitos casos. 
Qualquer discussão acerca do assunto tem de ponderar-se na dupla perspectiva da guerra e do negócio não restando grande margem para as questões de fé. 
Se Deus é único que discussão, divergência, oposição, pode existir acerca d´Ele para além da disputa  dos interesses materiais que a sua invocação possa garantir?

Em Nova Iorque existe, presentemente, uma discussão inflamada* acerca da permissão ou não para um edifício de 13 andares destinado a um Centro Islâmico e mesquita a curta distância do local onde a Al-Qaeda abateu as Twin Towers e os edifícios adjacentes, matando mais de 3000 pessoas.
E, naturalmente, as opiniões divergem de forma extremada entre tolerantes e intolerantes.
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A forma mais equilibrada que me ocorre seria a permissão de cada metro quadrado em Nova Iorque, ou Lisboa, dedicado ao culto islâmico por igual superfície em Teerão ou Bagdad, por exemplo, dedicado a outros cultos.
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A shrill debate about religious freedom, limits of tolerance and the meaning of 9/11 has been raging for the past two months in the US around the plans of a New York imam, Abdul Faisal Rauf, and a developer, Sharif Gamal, to build a 13-floor Islamic centre with a prayer space, three blocks from Ground Zero. Supporters say the Cordoba House project will be a venue for reconciliation between Islam and the west, delivering a powerful rebuttal to the al-Qaeda terrorists who attacked the trade towers; opponents call it an offence to the memory of those who died in 2001. New York mayor Michael Bloomberg, a group named 9/11 Families for Peaceful Tomorrows, and several interfaith leaders from New York churches and synagogues are among those who want to see the centre built. Lined up against them are the leaders of Tea Party Express, Republicans such as Sarah Palin and Newt Gingrich, rightwing bloggers and some families of 9/11 victims.


2 comments:

António said...

"A forma mais equilibrada que me ocorre seria a permissão de cada metro quadrado em Nova Iorque, ou Lisboa, dedicado ao culto islâmico por igual superfície em Teerão ou Bagdad, por exemplo, dedicado a outros cultos."

Ah, pois, pois...mas eles não querem. Já mandam lá e qualquer dia mandam cá.

rui fonseca said...

"Já mandam lá e qualquer dia mandam cá."

Será assim enquanto a dependência do petróleo deles se mantiver.

Hoje vou escrever um apontamento (mais um) sobre o assunto.