As visitas do PM a terras de petróleo e a sua confraternização com personalidades geralmente suspeitas de actividades condenáveis ou altamente condenáveis gerou alguma controvérsia e estimulou a ironia que estas situações facilmente libertam.
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E, no entanto, a actividade de diplomacia económica desenvolvida pelo governo no sentido de apadrinhar a assinatura de contratos de aquisição de petróleo e gás e promover outros de fornecimentos de produtos e serviços portugueses deveria merecer outras abordagens dos comentadores. Por um lado, questionando a imprescimbilidade ou conveniência da intervenção do governo em matérias que são ou, segundo alguns, deveriam ser, do foro estritamente privado, e, recìprocamente, questionar a pertinência da atribuição de um sector estratégico à gestão do sector privado quando essa gestão é dependente da intervenção do governo.
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A resposta não é fácil e nem depende sequer da dimensão relativa dos contratantes. As grandes companhias petrolíferas dos EUA não solicitam a Bush que as acompanhe e lhes abra portas mas a intervenção das tropas norte-americanas no Médio Oriente tem tido, desde há muitas décadas, como objectivo fundamental impedir que as portas abertas não sejam fechadas e arrombar, se for caso disso, portas encerradas.
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Portugal não tem nem a capacidade de intervenção bélica dos EUA e é um parceiro menor no mercado internacional do crude. Aparentemente, a intervenção do governo justifica-se e o modo como o faz parece inevitável: cumprimentar uns sujeitos que, segundo consta, têm as mãos sujas.
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Valente Vasco, como sempre, tem opinião contrária: O governo não deveria interferir em matérias que exorbitem as suas funções fundamentais de garantir justiça e segurança aos cidadãos. Não diz é como se lhes garante o combustível.
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