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Muito obrigado pela gentileza da sua resposta.
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Diz-me MF que podemos ultrapassar as nossas dificuldades estruturais: qualificando os recursos humanos, flexibilizando a legislação laboral, agilizando a Justiça, desburocratizando a administração pública, central e local, simplificando o regime fiscal, negociando amigavelmente rescisões, vendendo reservas de ouro.
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Suponho que MF concordará comigo se lhe disser que haverá muito pouca gente neste país que não subscreva as suas propostas, salvo, talvez, as rescisões amigáveis e as vendas do ouro para as pagar. Eu subscrevo-as todas.
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O diabo destas coisas, contudo, como bem sabe está nos pormenores.Como um blog não é um meio que ature muitas páginas, vou dizer-lhe, sucintamente, o que penso do primeiro.
Mas terei o maior gosto em debater consigo os restantes e os que entender acrescentar pelo caminho.
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Vamos então à famigerada qualificação dos recursos humanos. Como bem sabe, é matéria que dá para encher uma pipa e ainda sobra assunto. Dito como diz, quem é que pode ser contra? Toda a gente subscreve. Aliás, anda meio mundo a dizer que o nosso problema é a falta de gente qualificada e o outro meio a acenar concordante com a cabeça. Há, creio eu, acerca deste assunto muita ideia feita sem prova da sua consistência. Mas não vou por aí.
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O que, se me permite, lhe recordo são as inúmeras campanhas de qualificação, requalificação, reconversão, que foram financiadas durante anos pelos fundos comunitários que, espremidas, deram pouco, deram muito para alguns senhores cujos processos judiciais se arrastaram até serem arquivados como é da regra. Este governo lembrou-se das “novas oportunidades”.Tentativas para educar o povo não têm faltado desde os tempos em que uns exaltados rapazes, mais tarde gente bem colocada, decidiram educar a classe operária.
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Uma particular preocupação tem dado a volta ao miolo da nossa sociedade mais avançada: As dificuldades, aparentemente insuperáveis, da rapaziada se entender razoavelmente com os algarismos. É uma calamidade. Agora tiveram o bom senso de baixar a bitola nos exames de matemática porque a grande maioria dos alunos só passava por baixo, não se podendo portanto saber a quanto poderiam saltar. Mas, evidentemente, não se aumentou, por isso, o nível de conhecimentos. Este arrazoado todo para lhe dizer o quê?
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Que com a qualificação todos concordamos, falta é saber como mudamos o que já provou que não funciona. Aí é que está o problema. Tem resposta?
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Eu não tenho mas sou capaz de dar uma pista. A maior parte das pessoas tem do estudo uma percepção instrumental: estuda se vislumbra um interesse imediato. Dito de outro modo, se obrigarmos um jovem a estudar cálculo infinitesimal mas depois, quando ele concorre a um lugar não se indaga se ele sabe a tabuada o mais certo é o (a) jovem enganar-se com a contagem pelos dedos e errar os cálculos. Se não há exigência na admissão, se o Estado não selecciona através de provas que possam avaliar as reais capacidades dos candidatos, se mais do que uma boa nota a matemática vale uma boa cunha, o que é que faz o jovem se for inteligente: Estuda matemática ou procura um padrinho? Claro que estou a exagerar, mas não muito.
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Portanto, meu caro MF, do meu ponto de vista ou há exigência ou mande-se às urtigas a ciência.
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Repare que as Universidades se queixam que os alunos lhes chegam, em muitos casos, semi-analfabetos mas admitem-nos! E porquê? Porque precisam de número para garantirem os lugares. O que está em causa, neste caso, é o financiamento das suas actividades. Como estão encostadas sobretudo ao Estado e este está cambaleante, cambaleiam com ele.
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Deveria, uma vez por todas, reconhecer-se que não há dinheiro para o ensino universitário tendencialmente gratuito e passar a exigir o pagamento do seu custo a quem pode pagá-lo.
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Espero que esteja em desacordo comigo. Se não, diga-nos o que faria para agilizar a Justiça, já que quanto à flexibilização da legislação laboral anda MF e seus pares a tratar neste momento do assunto. Salvo erro.
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