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A inevitável interrogação com que nos defrontamos quando se visita a a China, e principalmente a China que cresce a dois dígitos, é esta: Como é que estes tipos vão aguentar esta passada sem ceder às exigências da democracia? Como é que é possível continuar a crescer sem crescer a liberdade e as dúvidas que ela concede?
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Na rota turística que faz um arco que passa obrigatoriamente por Beijing, Xian, Xangai, Hong-Kong, há uma azáfama destruidora-construtora com uma dimensão que só é possível numa sociedade onde manda quem pode, obedece quem deve sem reclamar.
O crescimento chinês parece imparável se não tiver de se confrontar um dia destes com as dúvidas que o progresso germina.
É, este, um racicínio distorcido pela mentalidade ocidental que não concebe o progresso sem liberdade de discordar?
Poderá a filosofia confucionista sustentar a evolução da sociedade congregando de um modo diferente a multiplicidade de critérios e de sentimentos sem coerção?
Na rota turística que faz um arco que passa obrigatoriamente por Beijing, Xian, Xangai, Hong-Kong, há uma azáfama destruidora-construtora com uma dimensão que só é possível numa sociedade onde manda quem pode, obedece quem deve sem reclamar.
O crescimento chinês parece imparável se não tiver de se confrontar um dia destes com as dúvidas que o progresso germina.
É, este, um racicínio distorcido pela mentalidade ocidental que não concebe o progresso sem liberdade de discordar?
Poderá a filosofia confucionista sustentar a evolução da sociedade congregando de um modo diferente a multiplicidade de critérios e de sentimentos sem coerção?
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A proposta de Jiang Qing referida neste artigo deDaniel A. Bell, de sustentar o equilíbrio da sociedade numa estrutura de três Câmaras, sendo apenas a primeira eleita democraticamente (pressupõe a existência de organizações partidárias ou afins?) e as duas outras co-optadas, sem referir a existência ou não existência de ascendente das duas últimas relativamente à primeira, não permite visualizar a resultante.
A proposta de Jiang Qing referida neste artigo deDaniel A. Bell, de sustentar o equilíbrio da sociedade numa estrutura de três Câmaras, sendo apenas a primeira eleita democraticamente (pressupõe a existência de organizações partidárias ou afins?) e as duas outras co-optadas, sem referir a existência ou não existência de ascendente das duas últimas relativamente à primeira, não permite visualizar a resultante.
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Em todo o caso, a eleição democrática, se tiver os contornos a que nos habituámos no Ocidente, será, aos olhos de um ocidental, uma porta aberta para devolver Confúcio novamente para o lugar que já conquistou na história.
Em todo o caso, a eleição democrática, se tiver os contornos a que nos habituámos no Ocidente, será, aos olhos de um ocidental, uma porta aberta para devolver Confúcio novamente para o lugar que já conquistou na história.
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Dito isto, ocorre-me aquela discussão entre o chinês e o americano acerca da democracia.
Dito isto, ocorre-me aquela discussão entre o chinês e o americano acerca da democracia.
Do you have elections? perguntou o americano para abater os argumentos do chinês
Yes, evely moling, respondeu, convicto, o chinês
1 comment:
Comentário de Daniela Kato colocado em "A destreza das dúvidas"
«O crescimento chinês parece imparável se não tiver de se confrontar um dia destes com as dúvidas que o progresso germina.
É, este, um racicínio distorcido pela mentalidade ocidental que não concebe o progresso sem liberdade de discordar?
Poderá a filosofia confucionista sustentar a evolução da sociedade congregando de um modo diferente a multiplicidade de critérios e de sentimentos sem coerção?»
Relevantíssimas questões, Rui Fonseca. São, porém, questões formuladas com base numa lógica cultural - ocidental, claro - que privilegia a emancipação individual ligada a uma certa noção de “progresso”. Ora, a lógica cultural chinesa (bem como, de formas diversas, a indiana, a japonesa, a muçulmana etc.) é outra e tende a privilegiar acima de tudo a integração - uma harmonia social e cósmica mais vasta, dentro da qual o indivíduo e os seus direitos assume uma dimensão pouco significativa…
Trata-se de questões tão complexas que não cabem numa caixa de comentários nem tão-pouco na abordagem tendencialmente “light” de um blogue. Remeto-o, por isso, para este excelente artigo de François Jullien, um dos mais eminentes e acessíveis sinólogos ocidentais:
«Universels, les droits de l’homme ?»
http://www.monde-diplomatique.fr/2008/02/JULLIEN/15588#nb5
É um texto um pouco longo, mas quem se der ao trabalho de o ler não dará o seu tempo por perdido. E quem se interessa por estes assuntos também não perderá decerto tempo se ler os livros de Jullien, alguns dos quais já estão traduzidos para inglês (basta fazer uma busca na Amazon).
http://www.evene.fr/celebre/biographie/francois-jullien-17443.php
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