Vi metade do Prós e Contras de anteontem. Ainda estou para perceber a que horas se levantam para irem trabalhar no dia seguinte aqueles que vêm este e outros programas que terminam para lá da uma da manhã, e qual o equilíbrio psicológico dessas pessoas durante as horas de trabalho. Será esta actividade tardia da RTP um dos requisitos que têm de cumprir para cumprir o serviço público pago pelos contribuintes?
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O tema desta sessão de exorcismo nacional era "O Estado e a Sociedade" e Fátima Campos Ferreira entendeu, desta vez, chamar para exorcizar os bastonários de algumas ordens profissionais. O programa, pelo menos pela metade que vi, cumpriu os seus propósitos exorcistas: espremido não deu grande coisa mas o esforço de alguns mereceu palmas do público.
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O imparável bastonário dos advogados, Marinho Pinto, aproveitou para se repetir e se promover. Na altura própria, se não se estatelar ou não o estatelarem antes, será candidato à presidência da República, disse Júdice e eu acredito que acerta. Questionado por Fátima a dizer que remédios propõe para tanto desconcerto que relata, o grande cabotino disse que não tinha alternativas, não vinha preparado, que supunha ter sido convidado apenas para reflectir sobre os desastres nacionais e não as suas soluções. Se existisse uma ordem dos cabotinos, Marinho Pinto não teria, contudo, o bastão garantido considerando a enorme concorrência que teria de defrontar.
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Para além de bastonários, Fátima convidou Artur Anselmo, irreconhecível para quem não o via há quarenta anos, desde o tempo em que ele debitava na televisão sem contraditório. AA não conteve o seu desencanto com os tempos que correm e desancou nos portugueses em geral: são uns fala-baratos, uns poços de verborreia, falam de tudo sem saberem de nada, nunca são eles os culpados mas os outros, o homem português é um poço de contrastes, são trabalhadores no estrangeiro mas preguiçosos no país, não há um pensar português, os portugueses odeiam pensar. (Palmas muitas palmas do público, um ar de contentamento generalizado na plateia).
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Porque batem palmas os portugueses?
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Marinho Pinto, que voltou a depor, disse que nos faz falta não aprendermos latim. Ele aprendeu, e os resultados estão à vista.
1 comment:
O homem pode ser cabotino e as suas intenções não serem as mais puras mas, quem já passou pela experiencia de participar num processo em tribunal tem que concordar com o que ele diz.
Fui testemunha num processo no tribunal de trabalho já há uns anos.
O processo arrastou-se anos, perdi vários dias de trabalho (eu e mais 70 ou 80 trabalhadores da empresa em que trabalhava que foram testemunhar precisamente o mesmo) e assisti ao tratamento diferenciado dado aos directores testemunhas da empresa e à 'maralha' pelo homem que chama as pessoas paea depor.
Ainda se o processo fosse complexo mas, tratava-se apenas de determinar que a empresa não podia pagar ordenados diferentes para a mesma função baseando essa diferença apenas no facto da filiação sindical do funcionário.
Isto para já não falar de atrocidades como o acordão daquele juiz no Algarve que considerava que as vitimas de violação tinham a culpa de ter pedido boleia na 'coutada do macho latino'.
Ou do processo da Esmeralda cuja vida anda a ser decidida à 3 ou 4 anos e em que se tem a sensação de que a criança é uma peça de mobiliário cuja propriedade precisa ser atribuída.
Vai ser entregue ao pai biológico, no Natal, não, no Carnaval, não, na Pascoa, não, daqui a um mês e entretanto mudam-se o pedo. psiquiatras que a acompanham porque aparentemente estão a favorecer os pais afectivos.
Uma fantochada com a vida de uma criança a ser afectada.
Quer uma solução para isto?
Que os portugueses, sobretudo os que ocupam cargos que afectam a vida das populações, sejam obrigados a assumir as responsabilidades dos seus actos e a responder por eles mas, para isso, precisamos de um sistema judicial que o faça.
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