António Borges, recém empossado vice-presidente do PSD, diz hoje no Público que "ao PSD se apresenta o grande desafio de relançar a iniciativa privada".
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Não é uma declaração original nem inesperada em Borges. Muitos antes dele afirmaram o mesmo, e, de Borges, a acrisolada fé na iniciativa privada, só se estranha ser professada em templo auto denominado social-democrata. Mas se o título é inócuo o texto contém algumas afirmações dignas de registo.
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"Portugal é um país de empresários", diz Borges
"Importa (...) dar aos empresários - e sobretudo aos novos empreendedores com grande espírito de inovação - a oportunidade de mobilizarem recursos e de lançarem novos projectos e orientar toda a capacidade concretizadora e inovadora desses empresários para o mercado externo, onde não falta espaço de penetração de novas iniciativas provenientes de um país pequeno", acrescenta Borges.
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Mas ( o mas é o diabo e o se o seu acólito) "As empresas expostas à concorrência externa sabem muito bem que a situação económica e financeira é muito débil. Daí que, quando se lhes fala em novas iniciativas e num espírito empreendedor, não se consiga obter nenhuma resposta de entusiasmo", explica Borges.
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"A iniciativa governamental de tentar inverter as consequências da perda de competitividade pelo anúncio e e lançamento de grandes obras terá apenas como consequência tornar a vida ainda mais difícil às pequenas e médias empresas, onde está o grande potencial do dinamismo da nossa economia. Mas tem sobretudo um efeito arrasador: acentuar a convicção dos empresários portugueses mais inovadores de que não há nada a fazer, porque nunca existirão condições favoráveis para concretizarem os seus projectos" (...) Este é, sem dúvida, um dos grandes desafios com que o PSD se confronta neste momento: reanimar a confiança dos mais empreendedores, quando o Governo tudo faz para a asfixiar", conclui Borges.
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António Borges, enquanto académico de reconhecido mérito, merece a nossa admiração. Enquanto prometedor político dribla-se com tantas contradições que dificilmente podemos augurar-lhe um futuro político prometedor. O texto que o Público hoje publica dificilmente resiste a uma análise politicamente descomprometida: Se somos um país de empresários, de gente com espírito empreendedor e inovador, como se explica que a tentação de toda essa gente para morder o engodo dos investimentos do Estado vá contra a sua natureza congenitamente empreendedora? E como é que Borges, se um dia praticar como diz, vai convencer as nossas legiões de empresários habituados ao isco do Estado a pescar com minhoca por eles próprios?
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Como no bluf, Borges não diz. Pode ter ou pode não ter jogo. Quem quiser saber terá de pagar. Outra vez.
1 comment:
"Enquanto prometedor político dribla-se com tantas contradições que dificilmente podemos augurar-lhe um futuro político prometedor."
Oh Rui, desculpe o reparo mas,
tendo em conta o passado e presente de alguns politicos de sucesso da nossa praça (e não só) parece-me que esta sua afirmação é algo contraditória da realidade.
Não sei é se estas bajulações aos pequenos e médios empresários que têem visto as suas empresas a falir umas atrás das outras nos últimos meses ainda terão algum efeito eleitoral.
Será que nas proximas eleições ainda haverá pequenos e médios empresários não falidos em número significativo?
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