Afirmação de J M Tavares no Público no dia 24 deste mês num artigo que titulou “O PARADOXO DAS BOAS INTENÇÕES”.
J M Tavares para sustentar as suas convicções acerca da necessidade da guerra recorre a “Give war a chance”, “Dê uma chance à guerra”, um artigo de Edward Luttwak de 1999, “cujo argumento central do texto está logo na primeira frase: “Uma verdade desagradável frequentemente ignorada é que, embora a guerra se ja um grande mal, ela tem uma grande virtude: poder resolver conflitos políticos e levar à paz”.
Entre a tese de Luttwak de 1999 e as conclusões de J M Tavares observadas hoje não há diferença relevante porque o texto de JMT é um corolário da tese de Lutttwak. Pelo que não entendo onde encontra JMT um paradoxo para titular o seu artigo.
Pelo que li e reli as boas intenções não são um paradoxo mas um erro de perspectiva: “há um certo tipo de intervenções humanitárias que tenta conter os danos da guerra, mas cujo resultado é a perpetuação da violência, porque impede que se alcance uma resolução para o conflito”.
A tese de Luttwak é arrasadora da generalidade das consciências, penso eu. Mas JMT, um homem consciente e inteligente, agarrou-se a ela para expressar o seu ponto de vista alinhado com o pensamento de Luttwak. E ninguém, que eu tenha reparado até agora, se indignou.
Isto num ambiente, meio atordoado, em que se fazem contas para saber como pagar ou iludir o pagamento das contribuições dos membros á NATO nos próximos 10 anos, subindo de 2% para 5% p.a., para que os EUA se mantenham na NATO e Trump deste lado, mas não sabemos como.
Inquestionavelmente o actual Czar das Rússias tem ambições expansionistas, até onde só ele sabe, e vai ameaçando o mundo à volta com o seu arsenal nuclear.
Dez anos num ambiente de confronto, que pode tornar-se nuclear global de um momento para o outro, pode trazer a paz ao Planeta, libertado da espécie humana que tem tanto de inteligente como de estúpido Condição que satisfaz a tese de Luttwak e o corolário extremo da mesma de JMT: guerra nuclear, desaparecimento espécie, paz durante milhões de anos no Planeta que habitamos.
Não há alternativa? Há.
A consciencialização da juventude, aquela parte da população total potencialmente maior perdedora, do perigo iminente que os ameaça. Porque se perde tanto tempo em discussões sobre aumento de armamento e se ignora o outro lado da questão, o desarmamento global? Sou ingénuo, talvez. Mas recuso aceitar como incontornável a tese de Luttwak e o corolário de JMT.
Concencializem-nos! Até ao ponto em que se univesalize (se torne viral) a sua revolta.
Os senhores da guerra, aqueles que tudo comandam, são relativamente muito poucos.
Repeti-me, pois repeti. Que posso fazer se não tenho o poder da palavra dos movimentos pró-vida relativamente aos nascituros que parecem ignorar os muitos milhões de desamparados lançados ao mundo como lançados às feras.
5 comments:
Subscrevo.
Abraço.
Nós também temos cá muitos Luttwaks, uns majores-generais que de um momento para outro viraram comentadores de estratégia militar e até parece que um deles se perfila como candidato à PR apoiado pelo Chega.
A Europa, depois de devastada pelas duas guerras, reconstruiu-se com o apoio americano e descansou nos EU através da NATO, as questões de defesa que pareciam equilibradas com o bloco militar do Pacto de Varsóvia.
A auto-extinção deste último deveria ter sido acompanhada por idêntica acção da NATO.
Tal não só não aconteceu como se tem vindo a assistir à sua expansão com intervenções militares cujos resultados são conhecidos.
O ideal de paz assente no diálogo de que as Nações Unidas seriam o fórum está a desmoronar-se e este órgão cada vez com menos capacidade de intervenção e a ser constantemente desacreditado.
Não há paz sem diálogo e com soluções de desarmamento progressivo sobretudo nuclear.
Quem poderá liderar este projeto não sei, mas terá de ser encontrado!
Luciano,
O diálogo não funciona se um ou dois (ou mais beligerantes) estiver mais interessado na guerra que na paz. A menos que um deles ou mais seja derrotado pelo outro (pelos outros) caso em que a tese de Luttwak revalece.
Não, pelo diálogo ninguém aceita a paz sem ganhar a guerra.
Alternativa?
Dei agora e em outros apontamentos neste blog uma hipótese, mas parece-me que não reparaste nela.
Claro que reparei mas também te posso dizer que a recusa da guerra pela educação é o que tem vindo a ser feito desde a segunda guerra sem êxito visível..
Dizes, Liciano, que a recusa da guerra pela educação tem sido feita desde a segunda guerra sem êxito visível.
Andámos, certamente, em sistemas de ensino diferentes ...
De qualquer modo, o que tenho vindo a propor em vários posts neste caderno de apontamentos não é a recusa da guerra. Aliás, nem sei que te referes. Recusaram a guerra aqueles que recusaram, por exemplo nosso caso mais próximo, serem incorporados para eventualmente irem combater em África nas ex-colónias. Casos destes, de deserção, sempre houve e continuarão a haver em toda a parte onde a guerra ruge.
Não, Luciano, refiro-me à conscencialização da juventude dos perigos que sobre ela impendem numa época em que uma guerra nuclear pode fazer desaparacer num
ápice todos os seres vivos.
Porquê a juventude?
Porque é a juventude que mais perde em caso de guerra nuclear.
Poque é a juventude quem tem mais capacidade mobilizadora num tempo em que as redes sociais chegam instantâneamente a todo o globo. ´Caso dos movimentos anti climáticos que, aliás, não têm a emergência nem a amplitude da guerra dos arsenais nucleares.
Mas há mais.
Se te interessa, lê o que tenho escrito sobre o assunto nomedamente clicando no label "guerra nuclear"
Abç
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