Wednesday, July 22, 2015

UMA REALÍSSIMA COCHEIRA REAL

Há quase três anos atrás anotei aqui o meu desapontamento com a transferência do Museu dos Coches das suas instalações de sempre para uma enormidade de cimento armado que eu vira crescer ali perto sem saber para que viria a servir. Hoje fomos visitar com os mesmos convidados, as novas instalações dos Porsche, dos Maserati, dos Lamborghini, dos Ferrari, entre outras viaturas de espantosa cavalagem, dos séc. XVIII e XIX. A maior parte deles pertença do senhor D. João V e do seu séquito, nobre ou eclesiástico, incluindo os dos meninos de Palhavã, que sua magestade engendrou portas conventuais adentro.



Dois a três séculos depois, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates decidiu deixar para a posteridade, entre muita outra obra feita, uma garagem mais ampla para as realíssimas carruagens. 
A D. João V aconteceu deparar-se com toneladas de ouro, oferecido pelo Brasil, com que, além do mais, mandou construir a enormidade do Convento de Mafra. José Sócrates deparou-se com milhares de milhões de crédito oferecido pelos banqueiros. 
É assim que acontecem as irracionalidades económicas e, frequentemente, as enormidades arquitectónicas. 

2 comments:

Bartolomeu said...

Este novo museu, ameaça dar uma "machadada" na coleção que se encontra exposta no Paço Ducal de Vila Viçosa e que recebe anualmente a visita de cersa 9.000 pessoas.
Cavaco Silva para sinalizar a sua passagem por S. Bento, aprovou a construção do templo mesopotâmico conhecido por Centro Cultural de Belém, Socrates, para além de TGV's, de aeroporto internacional, afinfou ao erário público com IC's - IP's e esta maravilhosa garagem. O ouro proveniente do Brasil, serviu para pagar as mega-obras que menciona, foi obtido através da exploração do trabalho escravo. Os euros que pagam estas obras, tornam-nos escravos por muitas décadas.

Margarida Corrêa de Aguiar said...

Estimado Rui Fonseca
Passo por lá muitas vezes e sinto, cada vez mais, uma grande antipatia pelo caixote de cimento. Um aborto paisagístico, um bloco árido descontextualizado da envolvente e da riquíssima colecção de coches que lhe está confiada. Uns consultores que por aí andam dizem que é uma obra arquitectónica de grande modernidade e valor! E cada vez que por lá passo, vem-me à cabeça a palavra negócio...