Monday, May 06, 2013

O CORDEIRO COR DE ROSA

De repente, apareceram outdoors, tamanho XXL, em toda a parte do concelho de Cascais a promover a candidatura do senhor João Cordeiro à Câmara de Cascais. Estamos em princípios de Maio, as eleições realizar-se-ão entre 22 de Setembro  e 14 de Outubro, e o estendal de fronhas dos candidatos já começou em Cascais. Quanto é que custa uma campanha destas inaugurada com tanta imposição e tanta antecedência, não sabemos. O que sabemos é que as autárquicas deste ano custarão aos contribuintes 48 milhões de euros. O resto não sabemos quem paga, e, mais intrigante, não sabemos (mas presumimos) porque paga. Num país sob o regime de protetorado, é repugnante esta propaganda política que não acrescenta nada à formação da consciência cívica dos eleitores porque apenas se destina a impor-lhes, à viva força, os figurões candidatos.
 
O senhor Cordeiro tem um curriculum impressivo desde o berço. A lista onde desempenhou ou ainda desempenha cargos de administração de empresas, sobretudo ligadas ao sector farmacêutico, demonstra, sem grande margem para dúvidas, que o senhor Cordeiro, além de um empresário de sucesso é um líder consagrado pelos seus vinte e dois anos à frente da direcção da Associação Nacional de Farmácias, onde se tornou figura pública, geralmente impopular fora da corporação que o elegeu, durante mais de duas décadas. Ainda recentemente, e ainda segundo o curriculum divulgado, o senhor Cordeiro " fiel ao seu espírito combativo e frontal na defesa da farmácia e dos farmacêuticos até ao final do seu mandato como presidente da Associação Nacional das Farmácias, encabeçou o movimento “Farmácias de Luto”, que reuniu a assinatura de mais de 224 mil pessoas numa manifestação de solidariedade sem precedentes na sociedade portuguesa contra as alterações na política do medicamento conduzidas pelo Governo e as suas consequências na sobrevivência das farmácias." Um final desagradável para quem durante anos e anos teve um país endividado e mal governado subjugado às suas imposições de líder de uma corporação de facto monopolista.
 
Intrigante, ou talvez não, é que o senhor Cordeiro, que pela aparência das origens e das actividades que lhe deram fortuna e glória seria suposto enquadrar-se politicamente à direita, aparece como candidato independente proposto pelo Partido Socialista. Não menos intrigante é que o candidato a liderar Cascais tenha como mandatário da sua candidatura o General Ramalho Eanes.

Diz o senhor Cordeiro no seu site que o General Ramalho Eanes é um homem sério, credível e independente que acredita, (como ele, João Cordeiro), que Cascais pode e merece ter um futuro melhor. Sou da mesma opinião. E é essa coincidência que me intriga. Como pode um homem sério, credível e independente apoiar um candidato que abusou desmedidamente da força que o seu lugar de líder de um poder monopolista e o laxismo dos governos anteriores lhe consentia?   

1 comment:

João Cordeiro said...

Caro Rui Fonseca,

Os cargos que exerci foram muitos e nunca tive qualquer vencimento, tendo sido desempenhados em puro espírito associativo. Sei que é difícil para muita gente perceber isso, mas é esta a verdade.

Quanto a custos percebo as suas preocupações. Vou tentar perceber quanto custaram as Conferências do Estoril; quanto custa a auto-promoção que a actual vereação da Câmara está a fazer em outdoors em Cascais; quanto custam as obras que estão a transformar Cascais num estaleiro da construção civil.

Acrescentar que só por ignorância e/ou desconhecimento do perfil e do percurso do senhor General Ramalho Eanes é que se pode considerar "intrigante" tê-lo como mandatário da minha Candidatura.

Saudações democráticas,
João Cordeiro