Sunday, December 14, 2014

IRRESPONSABILIDADE ILIMITADA

No princípio de Setembro o sr. Nuno Godinho de Matos, advogado experimentado, ex-vice-Presidente da Ordem, agraciado em 2012 por ela, socialista destacado, membro do Grande Oriente Lusitano, entre outras prendas, declarou com o maior desplante deste mundo que, enquanto ex-administrador não executivo do BES recebia 2400 euros líquidos por reunião, nunca abriu a boca nas reuniões daquele orgão, "um acessório de toilete de senhora" - cf. aqui. Comentei, na altura, aqui e aqui, não há mais nada a acrescentar: o sr. Nuno Godinho de Matos é apenas o emblema ridículo da ilimitada irresponsabilidade com que se governam alguns famosos da praça. 

O sr. Oliveira e Costa continua presumidamente inocente há seis anos, e não há notícias que a Justiça tenha, entretanto, obtido dele e dos seus comparsas progressos na recuperação das memórias dos actos que  praticaram para empandeirar aquilo que tinha sido denominado banco. 
O sr. João Rendeiro continua a andar por aí, intocado, em julgamento indeciso. Há dois dias soube-se que o Tribunal de Justiça da UE ordenou a recuperação da ajuda estatal ao BPP. Mas como? Onde é que ela já vai?
O sr. António Guerreiro, ninguém diria, e seus colaboradores foram multados pelo BP por utilização de contas offshore para ocultação de prejuízos. Não deveria o BP retirar-lhes a idoneidade para o exercício das actuais funções? Ou espera o sr. Carlos Costa que o sr. Guerreiro ou outros banqueiros persistam na falsificação dos resultados dos bancos que gerem? Se subsiste no sr. Carlos Costa a impotência para cortar a direito, demita-se! 

Na PT, a desfaçatez do sr. Zeinal Bava é incomensurável. A dele e a dos seus comparsas, incluindo os brasileiros da Oi. Mas continuam incólumes e bem recompensados. O governo sacode a água do capote, a CMVM assobia para o ar, o Novo Banco anda aos papéis, e os pequenos accionistas receberão um dia destes uns títulos de uma coisa chamada CorpCo, caída aos trambolhões de uma vigarice inqualificável.

O sr. Ricardo Salgado consegue depor durante dez horas, segundo as notícias, sem que tenha sido confrontado com uma pergunta indigesta acerca da responsabilidade primeira e última de quem assina as conta das empresas que gerem. Não assinou as contas do BES? Não assinou as contas do BESA? Se alguém lhe falseou as contas, entenda-se com ele num processo competente, mas são os administradores do banco que respondem perante os accionistas, os obrigacionistas e os clientes. Nem o sr. Ricardo Salgado nem os outros administradores do BES e do BESA podem invocar desconhecimento dos locais para onde voaram mais de três mil milhões de dólares. A invocação de desconhecimento só pode provar gestão ruinosa e falência fraudulenta.

Enquanto não houver uma condenação clara e pesada de invocações de esquecimento ou de remessa de responsabilidades para escalões inferiores da hierarquia, não acaba a falta de vergonha desta elite vergonhosa que recrudesceu impante em Portugal. 

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