Sunday, December 21, 2014

SE É ARTE, TEM DE SER VERMELHA

O Economist desta semana publica um artigo que merece ser lido - Propaganda: The art is red - sobre a campanha de propaganda lançada por Xi Jinping, actual secretário-Geral do partido comunista chinês, que, tudo leva a crer, pretende reinjectar na população novas doses de fé no partido e nos seus dirigentes, abalada pelos incidentes observados em Hong Kong, caldeados numa vaga de aspirações de liberdade induzidas por pensadores e artistas desalinhados do discurso oficial. 

Segundo o articulista do Economist, desde os tempos de Mao Tse-tung, falecido há 38 anos, que não se observava na China uma campanha tão intensa de propaganda, com cartazes colados por toda a parte apregoando as virtudes da poupança, do esforço de cumprir, da dedicação filial, da civilização chinesa, e do partido comunista chinês. Por outro lado, estão a ser controlados os pensadores e artistas tresmalhados do rebanho do partido. A arte, qualquer que seja a sua forma ou a sua base de expressão, segundo os dirigentes chineses, deve estar ao serviço da política aprovada pelo partido único.

Se considerarmos que a grande maioria dos artigos não alimentares, úteis e inúteis, necessários e supérfluos, que os portugueses compram durante todo o ano, e redobram durante a época do Natal, são made in China e que, por outro lado, em operações de privatização ou nacionalização chinesa, a EDP, a REN, a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, o BESI, são agora total ou quase totalmente chinesas, parece que andamos a trocar o governo de algumas das maiores empresas por toneladas de bugigangas e quinquilharias. 

A política de exarcebamento do nacionalismo chinês, aliás num contexto de nacionalismo generalizado que também atinge a Europa, não augura nada de bom. Mas a distracção com que alegremente vendemos os anéis para comprar toneladas de kitsch chinês também não nos levará a bom porto. E pode levar-nos de novo à asfixia de um partido único.

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Correl. Já depois de ter editado este apontamento leio no Público uma reportagem reconfortante: Indústria têxtil: Um quarto de século depois, há um sector que volta a mostrar a sua fibra.
Precisa-se que outros sigam o exemplo. 

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