Já são cinco, vd. aqui, os potenciais candidatos à compra do Novo Banco. Amanhã, termina o prazo para os eventuais interessados se manifestarem. De qualquer modo, com cinco potenciais concorrentes na grelha de partida, três dos quais são espanhóis ou quase, é esperável que seja atingida uma marca razoável. O pior, como dizia o outro, é o mais mau. E o mais mau pode estar no que virá a seguir.
Ontem, lia-se aqui, que "o processo de venda do Novo Banco vai ser blindado contra as consequências dos processos judiciais que já correm ou venham a entrar nos tribunais contestando a resolução do BES e outras decisões tomadas pelo Banco de Portugal". Um dos contestatários é a Goldman Sachs, onde passou a ter assento no International Advisory Board, o sr. José Luis Arnaut, mais um político a quem os negócios tanto devem.
Há dias, anotei aqui os meus receios de que na embrulhada da privatização do Novo Banco os ónus da litigância já anunciada fiquem do lado do costume, isto é, dos contribuintes. A notícia de que o processo da venda vai ser blindado contras as consequências dos processos judiciais é baralhativa. Blindada, como, se nada pode impedir os credores de recorrerem aos tribunais para reposição de direitos de que julguem terem sido ilegalmente usurpados? Se os tribunais derem parcial ou totalmente provimento a essas reclamações quem pagará as indemnizações juridicamente estabelecidas? O Fundo de Resolução? Isto é, os bancos que vão competir com o banco limpo, sem ossos, que eles ajudaram a sobreviver? Parece música de encantador de serpentes para ilusão daqueles que desconhecem que o bicho é surdo e o que ele persegue é o movimento da flauta.
Só há uma blindagem que pode evitar que os contribuintes não paguem os custos da embrulhada feita pela família Salgado e mal desatada pela UE, pelo Banco de Portugal, pela CMVM, pelo Governo: que quem compre o lombo que leve os ossos. As regras, se há regras neste embrulho, são conhecidas de todos.
Se não, pagarão os do costume, os que têm de dar o lombo à blindagem.
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Act. (31/12) - Fundo de Resolução recebeu 17 manifestações de interesse pelo Novo Banco
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