Wednesday, January 08, 2014

EURO - QUINZE ANOS DEPOIS


"Com 15 anos de idade o euro é ainda um adolescente difícil", é o título de um artigo do Economist desta semana mas o gráfico que o acompanha, sugere-me outro: Quinze anos desunidos.

Culpa do euro?
Se a moeda única não existisse, o que seria a União Europeia, hoje? A Comunidade Económica Europeia teria subsistido mesmo que sujeita a sucessivas vagas de competitividade monetária entre os seus membros? Poucos discordarão que a Alemanha foi a grande beneficiária da moeda única, gerida em grande medida em função dos seus interesses, muitos observarão que os britânicos tiraram partido da sua, relativa, independência monetária, mas outros repararão que a Finlândia conseguiu melhor, sendo membro da zona euro. E até onde pode o euro explicar o retrocesso da Itália e a letargia da economia portuguesa? Que peso de responsabilidade se pode atribuir à sujeição do segmento menos competitivo da economia portuguesa à inflexibilidade cambial e à concorrência nesses segmentos de países com custos de mão-obra muito mais baixos? Continuo a pensar que este segundo factor foi, e continua a ser, muito mais determinante que o primeiro e uma prova disso tem sido o comportamento positivo também de algumas exportações situadas em actividades de mão de obra intensiva.

Explicações, há tantas quantas os explicadores.
Num aspecto, penso, coincide a opinião da grande maioria: A União sem euro já não estaria unida (se estivesse, estaria unida em quê?); com euro, está, ao fim de quinze anos ainda bem longe de se afirmar como uma união política, condição sine qua non para o equilíbrio que possa garantir a sua perenidade e continuar a preservar a paz num continente propenso à guerra entre os seus membros. 

Pode um maior sentido de interesse comum ser motivado por uma ameaça exterior? Há quem pense que sim, que a reemergência da Rússia como potência mundial obrigará a Alemanha a olhar menos para o seu umbigo. A recente admissão da Letónia na zona euro, as movimentações populares na Ucrânia, os sucessivos planos de resgate da Grécia, são factos indiciadores de que, para lá do euro, há muitos factores de índole geoestratégica em jogo.

Segundo o articulista do Economist as perspectivas de médio prazo continuam sombrias, grande parte do endividamento dos países mais fragilizados encontra-se encostado a bancos da zona euro, nomeadamente da Alemanha, e, na parte que mais directamente nos diz respeito, Portugal encaminha-se para um segundo resgate, no trilho da Grécia. Grécia, que entra no sétimo ano de recessão (admira muito que se situe ainda acima de Portugal em termos de PIB per capita) e  estará a caminho de um terceiro resgate.

Se prosseguir no mesmo caminho, se para proteger os seus bancos, a Europa credora, liderada pela Alemanha, continuara a obrigar ao pagamento de um preço pelos devedores que, por se tornar insuportável, acabará por comprometer a subsistência da União, e em última instância, a solidez do seu sistema financeiro. 

A menos que se agigante o tal inimigo externo.

2 comments:

Unknown said...

Tenho grande esperança que as sugestões mais mencionadas nos circulos da UE de maior rigor e coesão nos orçamentos e monetário faça despoletar propostas mais concretas e que possam ser avalizadas nas proxima consulta. Assim os governos saibam estudar os diversos dossiers e tomar as decisoes mais acertadas e teremos melhor europa. Cumprir com rigor os limites do orçamento é um sinal de que se pode confiar, por parte dos parceiros no Concelho UE.

Rui Fonseca said...

Oxalá!