Tuesday, January 28, 2014

MAKE MONEY, NOT WAR

O FT publica hoje um artigo de Gideon Rachman - Growth and globalization cannot cure all the world´s ills - que respiga algum contraditório das conclusões com que a gente abonada deste mundo reabastece anualmente o seu depósito de convicções nas reuniões de Davos. 

Resumidamente: Tal como os micróbios ou as bactérias vão criando resistências e tornando progressivamente menos eficazes os métodos de combate clínico também o suposto remédio mais eficaz - crescimento a globalização - contra as doenças sociais do mundo apresentam progressivos sinais de perda de potência.

E aponta para aquilo a que chama os três superbugs mais preocupantes: O alargamento do conflito no Médio Oriente, o crescimento do conflito sino-japonês, o crescimento das desigualdades sociais nas economias ocidentais e as ameaças de conflitos sociais que essas desigualdades potenciam. Têm, ou é esperável que venham a ter, o crescimento económico e a globalização, contribuido para resolver ou suster o crescimento destes conflitos? Parece que não, e as perspectivas não vão no sentido de uma contenção da sua progressão.

No Médio Oriente, Hassan Rouhani, o presidente do Irão, eleito em meados do ano passado pretende que a economia iraniana seja uma das 10 maiores do mundo, uma música agradável para os ouvidos da quase totalidade dos presentes em Davos. E, no entanto, não se observa qualquer resultado de regressão do fundamentalismo jihadista, proseguindo os combates sem tréguas na Síria. Está confinado o jihadismo aos países pobres, onde a indigência atinge a maioria da população? Não está. Há muitos jihadistas a combater na Síria que residiam na Europa. 

Na Ásia, nunca as relções comerciais entre a China e o Japão foram tão intensa nem tão interdependentes as suas economias. E, no entanto, a hipótese da emergência de um conflito bélico de consequencias imprevisíveis está muito longe de poder ser descartada. 

Nos EUA a desigualdade chocante entre a acumulação da riqueza em 1% da população e o resto está a aumentar o descontentamento generalizado;  na Europa, a mesma causa, ainda que não tão extrema, está a chocar movimentos radicais e nacionalistas que degeneram em confrontos xenófobos e racistas susceptíveis de se tornarem incontroláveis de um momento para o outro. 

Que fazer? Se não há alternativa, o capitalismo é ainda o melhor remédio, defendem aqueles que passaram por Davos e estão (ou julgam-se) imunes às consequências dos superbugs. 

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