Estimado E,
Obrigado pelo forward
do e-mail que enviaste a NS. Mas também eu tenho alguma coisa a repetir
a respeito dos valores que costumas referir sobre a despesa pública.
Voltando à questão da sobreavaliação da despesa pública,
assunto sobre o qual tenho vindo há bastante tempo a escrever umas notas
no meu caderno de apontamentos, isoladamente, reconheço, li há dias um
artigo colocado aqui
http://desviocolossal. wordpress.com/
http://desviocolossal.
bastante elucidativo daquilo que tenho afirmado sobre o assunto.
Sabes que o principal imbróglio não é a dimensão do
Estado, melhor dizendo, da função pública, mas da eficiência da função
pública.O exemplo mais evidente desse défice de eficiência é a Justiça.
Estamos todos de acordo, não é? Mas não muda nada. O discurso
banaliza-se, os bonzos não saem do sítio, o jogo da cabra cega continua
imparável. A eficiência não se aumenta apenas pela redução dos efectivos
envolvidos. Aliás, grande parte da redução de efectivos não tem tido,
obviamente, impacto proporcional na despesa pública uma vez que, no caso
das reduções por reformas mesmo sem novas admissões, o que deixa de ser
pago em salários passa a ser, em grande medida, pago em pensões.
Não quero afirmar com isto que não concorde com a redução
da má despesa pública, que há e que é muita. O que ninguém vê é o
governo a cortar aí. Antes, pelo contrário, são frequentes as notícias
de despesas assumidas por este governo em completo arrepio aquilo que
proclama.
Para terminar: O problema maior é a ausência de
crescimento económico. E o problema ainda maior é que toda a gente
concorda com isto mas não saímos do mesmo sítio. Precisamos de
investimento privado, mas ele não aparece. Os chineses compraram na EDP e
na REN, agora vão comprar a a Fidelidade, dizem. A D. Isabel Santos
& Cª. compra no BCP, no BPI, na Zon, etc., etc.,. Mas qualquer
desses investimentos foi apenas financeiro, o potencial de crescimento
não buliu sequer.
Agora vive-se na expectativa da saída da troica e na
reentrada nos mercados animados por um pequeno sintoma de recuperação
económica que, a mim me parece, se deve sobretudo a uma descontração
depois do susto, que se irá reflectir na redução da poupança e no
aumento de importações.
Enquanto não houver consenso entre os principais partidos acerca de meia dúzia de questões estratégicas não se recupera a
confiança interna e externa imprescindível para se sair da fossa.
Porque ainda não saímos dela por mais que nos queiram fazer crer que já
estamos a caminho do melhor dos mundos.
Abç.
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