Cidadāos, certamente culturalmente ultra sensíveis, pretendem que o governo - (o jornalista referia o Estado, mas também este confunde governo com Estado) não venda os quadros de Miró que o senhor Oliveira e Costa comprou por atacado numa altura em que ele & companhia faziam o que lhes dava na realíssima gana, só o senhor Constâncio e a sua equipa de cérebros não dava por isso. Vale isto por dizer que o mais provável é o senhor Oliveira e Costa ainda acabar por sair ileso da tramóia que concebeu, e de que alguns tiraram regalados proveitos, com gabado sentido cultural. O governo, pelo sim pelo não, já disse que a venda não é prioritária. O que, pelos vistos, não ocorreu aos culturalmente avançados cidadãos foi eles mesmos quotizarem-se, comprarem eles os Mirós que tanto prezam, e oferecerem as obras ao museu de arte moderna, com direito a imortalizarem-se no quadro de doadores. Qual museu de arte moderna? Eles lá devem saber.
Por outro lado, socialistas defendem a compra do cinema Londres pela Câmara de Lisboa porque, segundo eles, "não é aceitável que um espaço com a importância do Londres, seja transformado numa loja". O tal espaço, para quem não esteja identificado com o local, é uma cave de um prédio da Avenida de Roma, não se vislumbrando qualquer dignidade cultural que justifique a sua compra pela edilidade lisboeta. Mas, admitindo que sejam curtas as nossas vistas, também neste caso a visão dos cidadãos culturalmente mais adiantados poderá ser satisfeita com uma bem sucedida campanha de angariação de fundos suficiente para lhes garantir a posse daquele local. Obviamente, também com direito a lápide dos mecenas.
À Câmara de Lisboa, como a outras câmaras do país, não faltam espaços culturais, o que falta são frequentadores desses espaços. O Londres encerrou porque não tinha espectadores. Ainda, pela mesma razão, foi recentemente anunciado o encerramento do cinema King, três salas, não muito longe da sala do Londres. Há alguns anos atrás, era presidente o senhor João Soares, a Câmara adquiriu o Cinema São Jorge, um edifício enorme, de gratas recordações para as gerações mais velhas, agora geralmente às moscas. A poucas centenas do Londres, o saudoso Império é, desde há largo anos, uma IURD. Quotizaram-se os adeptos, e dominam a Alameda.
Ainda a propósito de adiantamentos culturais, soube-se hoje que a Câmara de Lisboa vai pagar 100 milhões à Bragaparques para solução do imbróglio criado pela troca, destroca, dos terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer, outro negócio cultural, este engendrado pelo senhor Santana Lopes que o queria engalanado com o risco de Mr. Frank Gehry. Fica a questão resolvida com este anunciado acordo com os dalton da bragaparques? Não fica. E o que não fica será negociado em tribunal arbitral.
Ora, explicou - vd. aqui - o senhor Marinho Pinto, então bastonário da Ordem dos Advogados, durante a abertura do ano judicial de 2012, e ninguém contestou, em tribunal arbitral encontram-se reunidas condições objectivas de lesão dos interesses do Estado.
Isto é, a tramóia soma e segue. A bem da cultura. À Câmara de Lisboa, como a outras câmaras do país, não faltam espaços culturais, o que falta são frequentadores desses espaços. O Londres encerrou porque não tinha espectadores. Ainda, pela mesma razão, foi recentemente anunciado o encerramento do cinema King, três salas, não muito longe da sala do Londres. Há alguns anos atrás, era presidente o senhor João Soares, a Câmara adquiriu o Cinema São Jorge, um edifício enorme, de gratas recordações para as gerações mais velhas, agora geralmente às moscas. A poucas centenas do Londres, o saudoso Império é, desde há largo anos, uma IURD. Quotizaram-se os adeptos, e dominam a Alameda.
Ainda a propósito de adiantamentos culturais, soube-se hoje que a Câmara de Lisboa vai pagar 100 milhões à Bragaparques para solução do imbróglio criado pela troca, destroca, dos terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer, outro negócio cultural, este engendrado pelo senhor Santana Lopes que o queria engalanado com o risco de Mr. Frank Gehry. Fica a questão resolvida com este anunciado acordo com os dalton da bragaparques? Não fica. E o que não fica será negociado em tribunal arbitral.
Ora, explicou - vd. aqui - o senhor Marinho Pinto, então bastonário da Ordem dos Advogados, durante a abertura do ano judicial de 2012, e ninguém contestou, em tribunal arbitral encontram-se reunidas condições objectivas de lesão dos interesses do Estado.
1 comment:
Parabéns, Rui...bela prosa e certeira...quem ousará dizer que não tens toda a razão?Abç
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