Friday, June 07, 2013

VISTO


Falávamos acerca das reservas de ouro do Banco de Portugal, da desvalorização que observaram depois de um relativamente longo período em alta, argumentando um que a sua venda teria contribuído para uma redução significativa da dívida, que poderia, seguindo a sugestão de Cadilhe, financiar as indemnizações de funcionários excedentários do Estado, outro que o valor em causa (na valorização máxima cerca de 17 mil milhões de euros) não seria assim tão relevante, outro que Governo não poderia dispor do ouro do Banco de Portugal, mesmo que quisesse negociar parte por depender essa decisão do BCE, outro ainda que o ouro tem, numa situação de crise grave, quando seria mais oportuno vende-lo, um valor psicossociológico perturbador de uma decisão racional. Tudo considerado, concluiu-se, é melhor não falar no assunto.
 
A propósito, ouviu-se uma história contada em tempos por pessoa reconhecidamente idónea:
 
Viviam-se tempos de aperto das finanças públicas, as reservas estavam esgotadas, o crédito externo negado, e o secretário de estado do tesouro, ouvidos os departamentos responsáveis e o Banco de Portugal enviou ao ministro das finanças uma proposta de alienação de alguma toneladas de ouro. Entendeu o ministro que o assunto transcendia as suas competências e endossou a responsabilidade da decisão para o primeiro-ministro. Em conselho de ministros, após discussão e ponderação demorada, foi unanimemente decidido remeter o assunto à consideração do presidente da república. Este, leu atentamente a proposta, e escreveu no sítio do costume: Visto. Datou e assinou.
E a venda fez-se, sem que alguém tivesse tomado a decisão de aceitar ou rejeitar a proposta.
 
se non e vero é ben trovato
 
 

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