Monday, June 10, 2013

PONTOS NOS IS

Já aqui tenho anotado neste caderno que se ouvem vezes sem conta acusações infundadas de ter a adesão de Portugal à União Europeia implicado o desmantelamento da agricultura e pescas do nosso país. E que, acrescentam essas vozes repetidamente retransmitidas, Portugal é hoje um país mais dependente de importações de bens alimentares em consequência da política agrícola perversa da União Europeia.

O que não é verdade.
Só quem desconhece em absoluto em que situação se encontravam a agricultura e as pescas em Portugal há 40 anos pode inconscientemente afirmar que os fundos comunitários destruíram a  nossa auto suficiência alimentar. Tal não significa que os fundos recebidos tenham sido geralmente bem aplicados na reestruturação daqueles sectores, que não tenha havido práticas condenáveis na atribuição e utilização dos fundos, que Portugal tenha obtido as melhores condições possíveis nas negociações conduzidas pelos sucessivos ministros, que os ministérios da agricultura e pescas se tenham reestruturado de modo a fazer aquilo que deviam. Mas se culpas houve, e ainda há, elas terão de ser procuradas nos nossos cartórios.

Na edição da sexta-feira passada, o semanário "Sol" publicava um protesto do engenheiro agrónomo Sevinate Pinto pelas afirmações completamente descabidas feitas pelo senhor Miguel Sousa Tavares sobre o nível de auto suficiência alimentar de Portugal antes e depois das entradas de fundos comunitários direcionados à reestruturação, redimensionamento e equipamento do sector primário em Portugal. Por ignorância, já que não é suposto haver má fé, Miguel Sousa Tavares escreveu alguns dislates que, se podem relevar-se ao cidadão comum que, inconscientemente retransmite muito do que ouve desde que lhe anime o ego insofrido, são imperdoáveis a um jornalista com um currículo notável.

Hoje, o Presidente da República elegeu como tema central do seu discurso em Elvas o sector agrícola, uma escolha que parece pertinente no Alentejo, comparando com algum detalhe a evolução da agricultura em Portugal  nos seus mais relevantes indicadores económicos e sociais, refutando fundamentadamente a ideia completamente errada que a adesão à União Europeia determinou um retrocesso dramático nos sectores da agricultura, silvicultura e pescas. Bem pelo contrário, apesar de estarmos ainda aquém do que devíamos e podemos produzir, a evolução foi claramente muito positiva.

Espera-se que o senhor Miguel Sousa Tavares tenha lido o que escreveu o senhor Sevinate Pinto se lhe é alérgica a leitura do que disse o senhor Cavaco Silva.

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Correl. - Contributo do PR

1 comment:

Pinho Cardão said...

Aplausos, caro Rui.
Abraço