Saturday, June 22, 2013

UM MUNDO AINDA PRISIONEIRO DE BANCOS INTOXICADOS

"The world is still being held hostage by its rotten banks" é o título do artigo assinado por John Plender publicado no Financial Times de hoje. E, em subtítulo, Plender previne: "É provável que esteja em gestação outra crise financeira ainda mais devastadora da economia global ".
 
E porquê? 
Plender está longe de ser original nesta previsão dramática, muitos outros analistas vêm afirmando o mesmo há já algum tempo. O que há de novo no artigo de Plender? Um conjunto de informações recentes que reforçam as tendências em que se sustentavam os receios anteriores. Nomeadamente, uma caracterização sucinta mas incisiva dos sinais de fragilidade do sistema bancário britânico, historicamente um dos maiores bastiões da finança internacional.

Curiosamente, mas também sintomático de que a auto confiança dos banqueiros da City já conheceu melhores dias, no próximo dia 1 de Julho tomará posse do cargo de Governador do Banco de Inglaterra um canadiano, Mark Carney, o primeiro estrangeiro a ocupar o cargo desde a fundação do Bank of England. Carney, que foi governador do Banco Central do Canadá até agora, é casado com uma inglesa, fez um mestrado e doutorou-se em Oxford.

Às costas dos governadores dos principais bancos centrais do mundo continua a pesar um dilema que, em consequência dos interesses em confronto, continua a arrastar-se sem solução à vista e pode determinar uma crise financeira, desta vez imparável: o moral hazard que assiste aos banqueiros o direito de executarem operações de alto risco ou de risco mal avaliado, embolsando os ganhos estratosféricos que deles resultarem, e remetendo a factura das perdas aos contribuintes quando os resultados dão para o torto.

Se, por outro lado, como afirma Plender, parece não existir disponibilidade política para novos resgates nos EUA, se é reduzida essa disponibilidade na Alemanha, principal protagonista da zona euro, e é muito limitada a capacidade de suportar novos resgates à custa do aumento de impostos no Reino Unido, uma nova crise causaria danos muito mais gravosos na economia global. O Reino Unido e grande parte da Zona Euro parecem determinados em repetir os erros que já infligiram ao Japão 23 anos de estagnação, mas com mais riscos financeiros.

E acrescenta: Dito isto, Mr. Carney enfrenta um grande conjunto de desafios na sua qualidade de novo governador do Bank of England. Os balanços dos maiores bancos britânicos ainda registam valores que atingem 400% da economia, portanto, longe de uma situação confortável.

Por todo o mundo os bancos estão sobrecarregados de dívidas soberanas potencialmente tóxicas.

Enquanto os desenvolvimentos recentes (na reformulação das regras do sistema financeiro) são demasiadamente modestos para causar algum optimismo, o mundo continua refém dos bancos eventualmente insolventes e dos lobbies poderosos, relativamente aos quais os governos se mostram excessivamente deferentes. Deste modo, a economia global e os contribuintes de todo o mundo continuarão seriamente ameaçados. 

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Correl .- (23/06) Ministros das Finanças da UE terminam reunião sem acordo nos resgates dos bancos
"O Reino Unido ... (argumenta) que já tomou medidas suficientes para proteger os seus bancos da falência.". Só porque contratou Carney, o George Clooney das finanças, para governador do Banco de Inglaterra? Ou só british humour?


 

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