Saturday, March 09, 2013

É TEMPO DEMAIS

Chega? Não chega? É demais.
É demais porque é mais um ano em que a dívida cresce, o PIB rasteja, e a questão de fundo - o peso do custo da dívida - persiste adiada.

Durante algum tempo o ministro das Finanças foi considerado, pela generalidade dos analistas e colunistas políticos, sobretudo pelo seu curriculo passado nas instituições europeias como um trunfo nas negociações com a Troica. Ainda hoje, segundo os jornalistas correspondentes em Bruxelas, Vitor Gaspar mantem um nível elevado de reconhecimento técnico junto dos seus pares europeus. Em Portugal a sua estrela empalideceu com a sistemática falta de pontaria das suas previsões, a persistente perda de velocidade da economia, o crescimento da dívida e do desemprego.

O contraste entre a apreciação positiva externa e o crescente desagrado interno tem uma explicação: Vítor Gaspar não é mais o negociador que Portugal precisa para conseguir as condições imprescindíveis ao cumprimento de um acordo exequível. Vítor Gaspar e a Troica estão de acordo naquilo por onde essencialmente se têm pautado as obrigações dos portugueses assumidas no chamado plano de ajustamento. Trimestralmente, a nota da troica atribuida a esse cumprimento tem sido positiva mas os resultados, na área da economia e do emprego, um flop. Em consequência, o sucesso do plano dito de ajustamento está cada vez mais desajustado e mais distante a possibilidade do seu cabal cumprimento.

Portugal precisa de um pertinaz advogado de defesa, Vítor Gaspar não é, e talvez nunca tenha sido, o homem para o lugar.

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Correl.- Troica dá mais um ano a Portugal para atingir metas do défice (11/3)
Ceteris paribus, nem em 10 anos

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