Para quê?
Entre 2010 e 2012 as receitas correntes terão evoluido como segue:
2010 - 66,9 mil milhões, a que se adicionaram 4,7 mil milhões de receitas de capital
2011 - 69,3 mil milhões, mais 7,6 mil milhões de receitas de capital
2012 - 65,3 mil milhões, mais 2,1 mil milhões de receitas de capital
A previsão de receitas correntes para 2013, é sensivelmente idêntica aos valores observados em 2010 e 2011 mas, considerando a revisão em baixa da recessão da economia é muito mais provável que se situe ao nível observado em 2012.
A despesa corrente evoluiu, no mesmo intervalo de tempo, assim:
2010 - 73,7 mil milhões
2011 - 70,7 mil milhões
2012 - 65,7 mil milhões
E os juros:
2010 - 4,9 mil milhões
2011 - 6,9 mil milhões
2012 - 7,0 mil milhões
2013 - 7,2 mil milhões (OE 2013)
A divida pública:
2010 - 161,5 mil milhões
2011 - 184,9 mil milhões
2012 - 199,7 mil milhões
2013 - 203,8 mil milhões (OE 2013)
O PIB:
2010 - 172,7 mil milhões
2011 - 171,0 mil milhões
2012 - 166,3 mil milhões
2013 - 166,8 mil milhões
Estes valores não esgotam as possibilidades de análise mas são inequivocamente reveladores de que ou há uma renegociação com a troica que permita uma redução dos juros para níveis suportáveis pela economia portuguesa, com todas as fragilidades que a caracterizam e que só são removíveis, se forem, a longo prazo, ou, repito-me, andam a enganar-nos, porque não acredito que a troica e o Governo português estejam enganados acerca da viabilidade de outra alternativa.
As trajectórias observadas do PIB e da dívida pública só podem ter uma leitura, considerando as medidas de austeridade observadas, e a contracção das receitas correntes em consequência do grau de redução dos rendimentos das famílias. Uma trajectória que não tem reequilibrado de forma consistente o saldo corrente nem contido o crescimento dos juros. Mesmo recorrendo à mobilização sistemática de receitas extraordinárias, que não podem repetir-se, e algumas delas (pensões dos bancários) implicam responsabilidades futuras não reveladas na dívida pública nos anos em que foram contabilizadas as receitas.
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* Estúpidos são os juros, entenda-se. Aqui, o mesmo tema, quase o mesmo título.---
Correl.- Christine Lagarde diz que há espaço para o Banco Central Europeu (BCE) baixar juros para combater a recessão. - vd aqui
Paul de Grauwe and the Rhen of the Terror
Não são os sapatos elegantes e a austeridade que vão salvar Portugal
Moody´s vê com agrado alargamento nos prazos de pagamento dos empréstimos a Portugal mas quer alterações aos juros (11/3) Até a Moody´s!
Portugal com saldo positivo externo pela primeira vez nos últimos 18 anos. (11/3) - Mas o PIB continuou a cair e a dívida continuou a crescer.
Indicador avançado da OCDE continua a apontar para recuperação da economia (11/3) - Percebe-se. Não há queda que sempre dure. Mas o problema da dívida subsistirá enquanto a progressão do custo da dívida exceder a progressão do crescimento. E esse cruzamento das curvas não vai acontecer se nada for feito do lado da redução drástica dos juros. Que não só impedem a inversão da tendência de crescimento da dívida pública como fustigam a competitividade das empresas portuguesas.
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