O limite da dívida norte-americana não ficou todo resolvido no início de Janeiro. Entre aceitar ou rejeitar a proposta de Obama, os republicanos decidiram adiar parte do problema até Março. Obama não ganhou a aposta mas continuou com o mesmo trunfo e agora joga-o novamente: os republicanos, maioritários na Câmara dos Representantes insistem na redução acentuada da despesa federal, Obama responde-lhes, faça-se como os senhores impõem, não me posso opor, as consequências dessa imposição serão responsabilidade vossa, mas advirto-vos que a economia entrará em recessão.
Obama insiste no aumento de impostos sobre os rendimentos mais elevados em conjugação com uma redução da dívida consentânea com o crescimento da economia, mas os republicanos recusam. Em consequência desta recusa, Obama determinou formalmente ontem a entrada em vigor das reduções impostas. Até agora, os EUA tinham apostado numa via oposta aquela que colocou a União Europeia em recessão e que ameaça desintegrá-la.
O sequestro (designação que os media norte-americano dão à situação) é recíproco: do governo federal porque não pode opor-se, da oposição, porque será responsabilizada eleitoralmente se, como é muito provável, o desemprego aumentar em consequência da perda de crescimento da economia. O impacto será, naturalmente, mais notório na região de Washington. Para Obama, que sempre defendeu um compromisso entre o aumento de impostos e a redução da dívida, o sequestro é uma contrariedade que coloca do seu lado a maioria dos americanos. Segundo o Washington Post de hoje, economistas independentes concordam que os cortes impostos pelos republicanos, ainda que reduzam o crescimento económico e aumentem o número de desempregados, terão um impacto de magnitude inferior aquele tem sido observado em situações de crise semelhantes no passado, e o precipício fiscal (fiscal cliff), que poderia, em última instância, imobilizar o governo federal e colocar os EUA numa situação de eventual incumprimento, parece estar afastado pelos resultados das negociações que se prolongaram durante a noite do fim do ano passado e que, é esperável, não venham a ser postos em causa pelos republicanos.
Note-se que as medidas de redução impostas incidirão mais acentuadamente sobre as despesas com a defesa e o controle de fronteiras, uma tendência que não é, normalmente, aderente aos ideais dos conservadores norte americanos.
Amanhã, e em complemento desta nota, "O Sequestro Europeu"
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Correl. (05/03) -
c/p aqui
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