Há dias, o general na reserva Loureiro dos Santos, depois de mais um almoço da classe de aviso ao Governo, prevenia que a tropa se opõe à redução do actual efectivo. Interpelado sobre as razões que justificam as exigências castrenses, Loureiro dos Santos referiu os nossos compromissos na NATO e, novidade para quem não percebe de estratégia global, as ameaças que se avolumam no norte de África, geradas pela instabilidade política no outro lado do mediterrâneo que não augura nada de bom para os vizinhos do sul europeu.
Dito de outro modo, se bem percebi o general porta-voz dos comensais indignados, precisamos de gente em quantidade que possa na costa algarvia enfrentar uma eventual invasão berbere sete séculos depois de Tariq ter passado a porta de entrada no mar interior. Como o orçamento é curto, e pouco sobra para as munições e armamento, percebe-se que para enfrentar o invasor do sul a luta corpo a corpo seja a alternativa possível e o número de combatentes um factor decisivo da vitória. Desde que comam uns bons bifes, de equídeo que seja, a invasão sarracena será rechaçada.
Os ecos desta e de outras manifestações de grande desconforto dos militares lusos deve ter tilintado em Berlim, constituindo uma contrariedade com que o programa de ajustamento não contava. Ângela, sempre ela, falou com François e resolveram as preocupações de Loureiro de uma penada: a União Europeia vai passar a ter uma defesa comum.
Com esta é que Loureiro dos Santos não contava. Mas, sendo general, ainda que na reserva, não desarmou e considerou esquizofrénica a ideia da Dona Ângela. Esquizofrénica porque, explicou ele, com grande sentido de oportunidade, não faz sentido pensar numa política europeia comum de defesa quando a União Europeia cada vez se mostra mais desunida em matérias em que se vem tentando unir há décadas. Um dia destes, Loureiro dos Santos não disse mas deduz-se, é provável que a União se desintegre e, quando tal acontecer, que cada um que escolha de que lado fica.
Nesse caso, 40 mil militares serão escassos. Terá de haver moibilização geral.
E contra os canhões, marchar, marchar.
1 comment:
...se a UE não pifar penso que estamos salvaguardados (portanto mínimo de tropa)...se a UE implodir então o melhor seria entregarmos a defesa nacional por exº aos EUA,talvez através de acordos compensatórios como as bases dos Açores(e, assim, mínimo de tropa).
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