Friday, March 01, 2013

O QUE DIZ A. COSTA

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa  às quintas feiras à noite põe o chapéu de analista político num programa televisivo. O que não sendo regra, não é original: o presidente da Câmara Municipal de Sintra, por sinal seu adversário nas próximas eleições para a edilidade lisboeta, é comentador de futebol noutro canal. Ambos desfrutam, portanto, do privilégio de palanque para promoverem as respectivas imagens junto do respeitável público. Deduz-se que as suas funções autárquicas não são sobremaneira absorventes e dispensam-lhe tempo para suficiente para estes hobbies, apesar da complexidade de problemas que existem em Lisboa e Sintra.
 
Como não vejo programas de futebol para além do futebol jogado em campo, não sei o que diz F Seabra. De vez em quando, ouço o que diz A Costa. E constato que A Costa continua a dizer o mesmo, o que se abona a favor da coerência do seu discurso não adianta nada ao que ele repete, derrapa, e não sai do sítio.
 
Diz A Costa que este Governo é culpado de se exceder nas exigências de austeridade impostas pela troica, e é verdade que o primeiro ministro fez há algum tempo atrás alarde dessa ansiedade obtusa, e que está mais que provado que o programa de ajustamento falhou em toda a linha, e que deve ser renegociado. Até aqui, A Costa repete-se mas não desliza.
 
Acrescenta A Costa que a reanimação da economia passa também pela reanimação da construção civil com projectos de reabilitação urbana. O que é plausível mas suscita que se coloque a A Costa, quando é presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a questão seguinte: A Câmara lisboeta tem um património urbano degradado ou desocupado extenso. Segundo A Costa, os programas anunciados pelo governo para a redução do desemprego não abrangem as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde existem os maiores números de desempregados.
 
Pergunta: Por que não recorre a Câmara de Lisboa à mobilização do seu património degradado ou desocupado para incentivar a reabilitação urbana junto de empresas privadas do ramo? Sendo certo que esta não é a melhor altura para obter os melhores preços para esse património, é, no entanto, a melhor ocasião para relançar a construção civil, reduzir o desemprego e animar a economia em geral.
Só o Governo é que tem obrigações e competências nesta matéria? Ou A Costa sabe mais das obrigações dos outros que das dele mesmo?
 

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