Luis Aguiar-Conraria, dá conta aqui do seu espanto perante a prolixidade de Paul Krugman. Da leitura do comentário fico na dúvida se LA-C considera Krugman prolixo ou prolífico. No texto considera-o prolixo mas o conteúdo não aponta, suponho, nesse sentido.
"O que mais surpreende é ( ) Paul Krugman. Quem conhece os seus contributos para a profissão, que, merecidamente, lhe granjearam o Prémio Nobel, não pode deixar de ficar a espantado com a sua exuberância blogosférica. Krugman não larga o esférico. É tão prolixo que se torna complicado acompanhá-lo. Ontem, escreveu o seu primeiro post às 10h30m. Ainda não eram 11h da manhã e já escrevia a sua segunda entrada. A meio da tarde, sai-se com uma outra entrada, para, 12 minutos depois publicar uma nova. Ainda não tinham passado 25 minutos e já tinha algo de novo a dizer ao mundo. 7 minutos depois escreve uma nota metodológica. Logo a seguir ao jantar, às 6h20 – nos EUA janta-se cedo – deixou mais uma entrada, esta de índole musical.
Isto foi ontem. Hoje, sábado, às 8h da manhã, já tinha uma nova entrada, com três gráficos. Aqui, em Portugal continental, pouco passa das 2h da tarde, dado que lá são menos 5 horas, Krugman ainda terá tempo para mais 5 ou 6 entradas, que isto de fins-de-semana é para tenrinhos."
Comentei:
Comungo há muito tempo do seu espanto.
Tanto quanto me espanta a escassa presença dos académicos portugueses na discussão dos problemas com que Portugal se confronta.
Há, é certo, alguns artigos publicados em jornais, entrevistas ou participações em mesas redondas televisionadas. Mas que, frequentemente, não passam de afirmações redondas e não quantificadas.
Os blogs portugueses pretensamente vocacionados para a discussão de questões económicas e financeiras não suscitam, não sei porquê, o contraditório dos seus pares ou ... dos seus impares.
O "The Portuguese Economy", redigido em inglês, não cativou até hoje comentadores estrangeiros em número que justifique a opção pela língua inglesa. Salvo melhor opinião.
O último artigo, que considero muito bem estruturado (e merecedor de contributos porque nada neste domínio é definitivo nem cientificamente exacto), grangeou dois comentários: "very good", "very good". E já lá vão cinco dias.
Mas o deserto alarga-se a outros blogs mais ou menos conhecidos catalogados como "económicos".
É certo que um blog não é um tratado, "um paper", é uma coisa tão leve quanto possível.
Krugman, para além de prolífico, atrai os comentários de gente que, geralmente, discute num plano equivalente. Nem sempre, é verdade, e ele já tem tentado espantar os menos bem intencionados.
Por outro lado, penso que Krugman é, mais do que Krugman, um grupo que krugminiano que lhe facilita a recolha de dados e realiza pesquisas orientadas por ele.
Não é possível nada de semelhante nas faculdades de economia portuguesas?
2 comments:
Bem dito Rui, estes presunçosos que não fazem mais que mandar bitaites têm que ser postos na ordem.
Obrigado Luciano pelo teu comentário mas o meu texto não pretende conduzir às conclusões do teu comentário.
Aliás, com toda a amizade me permito recordar-te que, sendo tu um subscritor de algumas teses de Ferreira do Amaral, é com alguma dificuldade que vejo que ao escreveres o teu comentário estivesse a pensar nele.
E, no entanto, Ferreira do Amaral tem sido um incansável discordante da entrada de Portugal no euro e um defensor do abandono da moeda única como forma de desbloquear as nossas insuficiências estruturais.
O que, diga-se desde já, não me parece mal que ele o diga.
O que me parece mal é que ele nunca tenha publicado qualquer justificação minimamente quantificada das suas propostas.
Ferreira do Amaral, como a generalidade dos académicos portugueses insiste em tomadas de posição que só podem ter alicerces ideológicos, isto é, para religiosos.
Referi Ferreira do Amaral como poderia ter referido muitos outros. Até hoje não é conhecido estudo credível que quantifique, tanto quanto é possível quantificar, as vantagens de estar ou não continuar no euro.
Por exemplo.
Porque há países que não estão no euro e enfrentam graves problemas ( a Hungria, por exemplo), outros não (por exemplo, a Polónia e a Rep Checa), para falar apenas daqueles com dimensões em certa medida semelhantes a Portugal.
Estive ontem a ver um programa da BBC sobre a crise europeia com particular enfoque no Reino Unido.
Têm moeda única, que já foi uma senhora moeda, e estão a enfrentar uma crise como há muito não tragavam.
Não pagam os juros que pagam os italianos, por exemplo, porque o Banco da Inglaterra (como todos os maiores bancos centrais) imprime moeda consoante o que for necessário.
O problema é muito complexo mas umas continhas poderiam ajudar a pensar menos religiosamente.
Que te parece?
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