Ontem abriu o ano judicial. Que não coincide com o ano juliano, nem com o ano chinês. Nem tem, pelos vistos, a mesma duração. Outra curiosidade reside no facto de celebrarem os judiciários a abertura mas não o encerramento, provavelmente para evitarem o incómodo da prestação de contas.
Os discursos tiveram desta vez, para além das tricas públicas recíprocas a que nos habituaram, um pendor sindicalista protagonizado pelo senhor presidente do supremo tribunal de justiça. O senhor bastonário da ordem dos advogados aproveitou, novamente, a ocasião para repreender a senhora ministra, a senhora ministra voltou a dizer o que tem dito, o senhor procurador geral da república disse que lhe enchem o saco com questiúnculas improváveis, o senhor presidente disse que, vá lá sejam amigos. E o ano judicial ficou aberto.
Voltando ao senhor presidente do tribunal de justiça, esclareceu o ilustre magistrado que a decisão do governo de cortar salários e pensões é, obviamente, ilegal e que os direitos adquiridos são direitos que não podem ser derrogados num estado de direito.
Também me parece.
Aliás, o senhor ilustre magistrado não está só, atendendo a outras ilustres posições públicas e aos aplausos que o seu discurso mereceu à generalidade da plateia que assistiu à abertura do ano judicial. Mas, uma vez aberto, tudo continuará na mesma, incluindo os cortes que o senhor presidente do supremo tribunal de justiça considera injustos. Da justiça propriamente dita, não houve novidades. Só discursos a atirarem para o lado que os discursantes estavam voltados.
No comments:
Post a Comment