"The Iron Lady" não é um filme sobre o thatcherismo, enquanto modo de governo decalcado do receituário da escola neo-liberal, porque são escassas as cenas registadas com esse propósito. Mas também não é, essencialmente, um filme sobre o carácter, como já li algures. Ainda que o realizador dedique uma parte significativa da rodagem do filme à reconstituição de uma personalidade ímpar na história contemporânea, dominadora, inflexível, determinada até ao ponto de ridicularizar os seus ministros, e ficar só, vi o filme de outro modo.
Em grande parte do filme, se não a maior parte, o realizador regista a vida de uma Thatcher que o público não conhecia, reclusa em casa, enredada nas alucinações com que a doença de Alzheimer a atormentam e lhe rebobinam o passado. É, neste sentido, um filme cruel.
O realizador confronta-nos a imagem, admirada ou odiada, de uma personalidade que, para o bem ou para o mal, de parceria com Reagan, outra figura desfeita pela Alzheimer, alterou o mundo, com a destruição progressiva e irreversível de tudo o que nela tinha sido diferente.
O filme vale a pena ser visto, muito sobretudo por mais uma interpretação notável de Meryl Streep.
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