Friday, February 24, 2012

SE UM ELEFANTE INCOMODA MUITA GENTE

António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, comentador político na Sic Notícias - Quadratura do Círculo, afirmou ontem, a propósito da sua não observância da não concessão de tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval, que "as Câmaras que mantiveram a tolerância de ponto reduziram custos com essa decisão". Costa respondia deste modo à afirmação do ministro Relvas de que "muitas das Câmaras que concederam tolerância de ponto são Câmaras altamente endividadas".

Os  dois outros comentadores, um de um modo ressalvado, como é hábito, outro de modo decisivo, defenderam a decisão do Governo, mas nenhum pegou na afirmação, aparentemente anedótica, de António Costa: "a tolerância de ponto (isto é, ausência dos funcionários ao serviço) reduziu os custos do município", subentendo-se que, por outro lado, não lhe reduziu os rendimentos, e reduziu os prejuízos. 

Até agora, vi defendido por muita gente supostamente esclarecida que a redução dos feriados,( ou o aumento de horas trabalhadas) não aumenta a competitividade. O que pode ser verdade, por exemplo, no caso do Ranger, mas não pode ser verdade na generalidade dos casos onde a produção é em grande parte função do tempo trabalhado. Se assim não fosse, o tempo de trabalho não faria sentido como factor de competitividade. E o sucesso chinês está aí para inequivocamente demonstrar o contrário.

O que António Costa afirmou só pode ter outra interpretação: A Câmara de Lisboa (e outras, que não especificou) têm ao seu serviço pessoal em excesso e cada dia de cada excedente representa, para além do custo fixo (o seu salário mais encargos directamente correspondentes) custos desnecessários aos serviços (telefonemas pessoais, subsídios de refeição e de transporte, internet para fns pessoais, iluminação, aquecimento/ar condicionado, etc). Aliás, já há algum tempo que António Costa reconheceu esses excesso e propôs-se adoptar medidas de adequação dos meios às necessidades. Mas nunca mais se ouviu falar disso.

Percebe-se, portanto, a afirmação de António Costa se recuperarmos essas suas intenções de há uns tempos. O que não se percebe é que o desajustamento evidente possa ser minorado com mais tolerâncias de ponto. Porque se uma tolerância de ponto reduz os prejuízos da Câmara, duas tolerências de ponto reduzirão ainda mais; e se duas tolerâncias de ponto ...

Continuem se fazem favor! 

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