Thursday, February 09, 2012

AO ATAQUE

Ouvi a entrevista dada por Aguiar-Branco à Sic Notícias a propósito da carta aberta enviada pela Associação de Oficiais das Forças Armadas na sequência das declarações do ministro da Defesa sobre a dispensabilidade daqueles que não se encontrem confortáveis com a carreira profissional que escolheram. Antes daquela entrevista tinha passado uma declaração do Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, criticando a  posição do ministro.

Aguiar-Branco esteve bem nas respostas às questões colocadas pela entrevistadora e foi convincente: As Forças Armadas Portuguesas não são sustentáveis sem reformas de fundo. Há escolas militares a mais, há hospitais militares a mais, há muita coisa que consome o dinheiro disponível sem enquadramento numa política de defesa consequente com as exigências actuais. Os militares reclamam as promoções a que tradicionalmente têm direito mas esse direito só pode ser satisfeito se forem cortadas despesas que deixaram de fazer sentido. Em resumo: O dinheiro disponível é pouco, é muito menos do que tem sido gasto até aqui.

Mas, independentemente das escassez de dinheiro, e muito mais relevante que essa questão, está a necessidade de inteira reformulação de uma política que se adeque às exigências de defesa da soberania do Estado num mundo em evolução tecnológica num grau sem precedentes na história. Não é preciso ter conhecimentos das profissões castrenses para perceber que umas forças armadas envolvendo 40 mil homens estão sobredimensionadas em número de meios humanos para as missões em que Portugal participa ou venha a participar. 

Aguiar-Branco não podia ser mais claro. 

Evidentemente, a problemática da defesa deveria ser uma das áreas em que a União Europeia se deveria unificar. Ninguém levanta a questão por razões de preconceitos nacionalistas serôdios mas, como já mais de uma vez referi neste bloco de notas, enquanto não houver união de facto nos  requisitos elementares de uma união efectiva - Moeda, Orçamento, Representação Externa, Defesa - consagrada pelo voto democrático, a União Europeia desmoronar-se-á mais tarde ou mais cedo. E, ai do europeus, se nessa altura as forças armadas dos seus ex-membros intervierem umas contra as outras.

Mas isto, evidentemente, Aguiar-Branco não disse.

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