Thursday, February 02, 2012

GARANTIAS NENHUMAS

Haver ou não haver um segundo resgate tem sido dos temas que mais tem rendido aos media em termos de espaço ocupado nos últimos tempos. Existe excesso de capacidade instalada nos media e esse excesso procura sofregamente assuntos que o sustentem, daí a insistência ad nauseam com que alguns temas são repisados. A questão do segundo resgate financeiro presta-se às mil maravilhas para esse chuchar do osso até ao tutano:  os media, com particular destaque para os comentadores e analistas de esquerda, defendem que ninguém nos livra dele; o governo faz o que não pode deixar de fazer, insiste no cumprimento do memorando da troica e depois se  verá. Curiosamente, são sobretudo aqueles que mais protestam a nossa submissão ao dictate estrangeiro que defendem mais veementemente a inevitabilidade de um segundo resgate que, implicitamente, implicará um segundo aperto. 

Ontem , o senhor ministro Relvas, em declarações prestadas à Antena 1, garantiu que Portugal não vai pedir um segundo resgate financeiro. Calou com essa garantia os media? Não calou. Nem o ministro Relvas pode garantir o que disse garantir nem os media papam garantias que lhes saquem o tema.

Se o ministro Relvas se tivesse contido dentro dos termos em que o governo (primeiro ministro e ministro das finanças) têm limitado a questão, o assunto não seria encerrado mas também não seria espevitado. Com as garantias de Relvas, mais tarde ou mais cedo o governo será confrontado com elas.

Porque se é quase inevitável um segundo resgate o que é que ganha o País com esta discussão inconsequente? Nada. A comparação desta obstinação do actual governo com a do governo anterior, que protelou o reconhecimento das nossas incapacidades para nos safarmos apenas com maios próprios e com isso prejudicou o País, não faz sentido. Hoje existe um contrato que, até ao seu termo, define as condições do financiamento externo.

Mas garantir o ingarantível é pouco sério, senhor ministro Relvas.

4 comments:

fygurata said...

E o senhor Relvas alguma vez foi sério? E o primeiro ministro tem alguma seriedade quando faz afirmações que são constantemente desmentidas pelas sua sacções? E o Gaspar alguma vez parou para pensar que a sua seriedade intelectual é constantemente posta á prova com as decis~oes que toma? Não existem politicos inocentes...Nem a politica é feita para e com pessoas coerentes.

rui fonseca said...

"Nem a politica é feita para e com pessoas coerentes."

Discordo.
Nunca fui político, nunca desfrutei de favores políticos, não tenho familiares na política, mas não concordo que todos os políticos sejam suspeitos de menos seriedade intelectual.

Alguns serão. Todos, não.

A democracia faz-se com políticos e cidadãos conscientes. A seriedade daqueles aumenta à medida que aumenta a consciência cívica colectiva.

Rejeito todas as formas de governo que não passem pela liberdade de expressão;e só a democracia me garante isso. Ainda que possa enfermar de vários entorses.

Anonymous said...

Caro Rui Fonseca

Ainda me apraz que haja pessoas que acreditam seriamente na politica no nosso Pais. Em termos intelectuais e de principios posso concordar consigo, mas em termos reais ou seja na vivência do dia -a-dia, a seriedade é posta à prova, sobretudo pela inércia que os ditos politicos sérios apresentam. Como é possivel a politica estar entregue a individuos como o Sócrates, Passos Coelho ou Seguro. Individuos criados no aparelho partidário, distanyes da realidade do País pois a unica realidade que conhecem é o Partido, que este sim deveria ser o espelho da sociedade e reflectir os seus tão bem aventurados valores democráticos mas que por artes mágicas só refletem o mundo pequeno e atrofiado destes senhores. Aonde está a expressão e a virtude dos verdadeiros politicos? Aonde se perdeu o significado da democracia?
Não terá sido na desistência dos verdadeiros politicos? O melhor é ficar arredado desta "luta" que não tem nada a ver comigo e eu não estou para me chatear? É também a falta de acção dos verdadeiros politicos que deixou espaço e terreno para este ditos "politicos" poderem proliferar e hoje controlarem, que no fundo é disso que se trata e é disso que eles percebem, os aparelhos partidários e consequentemente o poder. Como na economia há que regulamentar a democracia, porque estes jogos partidários também deram azo ao que de pior se pode esperar das pessoas. Não é com os partidos que temos que poderemos esperar vir a surgir um estadista com a capacidade de poder levar o Pais ao rumo que ele merece ( eu continuo a acreditar neste Povo) mas também não me parece que os politicos conscientes tenham essa capacidade pois estão num estado estuporoso para o qual se remeteram que os torna massa acritica e sobretudo inactiva. Espero no entanto estar enganado...

Anonymous said...

E não acredito em D. Sebastiões...só no Homem e na sua infinita capacidade de tudo transformar e de tudo criar.