Friday, December 23, 2011

AQUI, MACAU

A secretária de Estado do Tesouro e Finanças, ( ), anunciou ontem que a proposta da Three Gorges, que pagou 2,69 mil milhões por 21,35% da EDP, foi seleccionada por ser “a mais forte em termos globais”. (aqui) Segundo o Expresso de hoje, apenas o ministro das Finanças terá defendido a proposta alemã mas acabando por conformar-se com a decisão final.

A participação chinesa na EDP abrirá, dizem as notícias, outras possibilidades de investimento chinês em Portugal noutras actividades económicas para além do sector energético, nomeadamente na banca.

É bom? É mau?
Os chineses são negociadores duros mas respeitadores dos contratos. Se assumiram compromissos no âmbito desta transacção, cumprem-nos, desde que tenham sido formalmente contraídos. Por outro lado, não são suspeitos de atingirem os seus objectivos corrompendo os representantes do outro lado nos negócios. Escrevo isto e ocorre-me o negócio da compra dos dois submarinos à Alemanha, que não sabemos para que navegam,  com promessas de contrapartidas que não sabemos onde foram parar.

Mas não nos iludamos. A venda de uma participação qualificada na EDP a uma empresa detida por um Estado totalitário onde triunfa um capitalismo protegido de reivindicações sindicais, não é bom sintoma para a democracia nem para o futuro das economias ocidentais, e sobretudo daquelas que, como a portuguesa, têm de confrontar-se em parte muito significativa com a concorrência de milhares de milhões de pessoas ávidas de trabalho mais compensador, sem direitos de expressão nem intenções de reclamar por eles.

As perspectivas amargas que se desenham com a aproximação do novo ano, não vão desanuviar-se significativamente nos anos mais próximos. A globalização, enquanto não forem estabelecidas regras que impeçam que o mundo seja obrigado a alinhar por patamares de rendimentos cada vez mais baixos, continuará a determinar uma concorrência pelo trabalho que só pode levar à sua desvalorização contínua a Ocidente.

Insisto nisto: Como é que os sindicatos portugueses ainda não perceberam (ou não querem perceber) que a defesa dos interesses dos trabalhadores não passa pela reivindicação de situações insustentáveis porque concorrencialmente suicidas?

3 comments:

aix said...

Caro Rui, li o teu comentário no
4R e concordo que a greve, sendo uma 'arma', deve ser usada com conta(qual a factura à entidade patronal),peso(qual o risco de insucesso) e medida(quais os efeitos colaterais).É ridícula a razão apresentada:anulação dos processos disciplinares aos 'reais' prevaricadores nos anteriores serviços mínimos, uma clara competência dos tribunais.
No concurso para a EDP ganho pelos chineses só ando confuso com uma questão: porquê o repetido e reforçado argumento da
'transparência'nas negociações?Será peso na consciência por anteriores 'negociatas'?
Não é pretexto mas aproveito para vos desejar um Natal feliz.Abç

rui fonseca said...

Caríssimo Franscisco, bom dia!

Obrigado.

Para ti e para os teus, um bom Natal e um Ano Novo de boas notícias, são os nossos votos.

Um abraço

Rui

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
Resta saber se os Sindicatos se interessam efectivamente pelos trabalhadores; creio mesmo que, no caso, a criatura já devorou o criador. Lamentavelmente para todos nós, cidadãos, patrões,trabalhadores ou profissionais liberais.