Wednesday, December 21, 2011

SAÍMOS, E NÃO PAGAMOS?

Em democracia, em princípio, não podem singrar tabus de opinião. 
Aliás, o tabu é, na sua origem, uma restrição comportamental imposta pelos valores prevalecentes numa sociedade, e a democracia, é (deve ser) essencialmente um campo aberto para a floração de ideias. 

Devemos discutir a saída de Portugal da Zona Euro?
Devemos discutir se pagamos ou não pagamos aos nossos credores?
Por que não?

Em princípio, evitar uma discussão pública sobre determinado assunto de interesse colectivo, apenas favorece a tentação para experimentar a situação alternativa. Se estamos na Zona Euro, e a discussão dessa situação é de algum modo tamponada, a hipótese de saída ganha crescentemente adeptos com o tempo, sobretudo se os tempos não são favoráveis e andam à procura de bodes expiatórios, como são os tempos presentes.

Disse, em princípio, porque há assuntos, e é o caso, tão intrincados que não susceptíveis de discussão racional se aqueles, os supostamente abalizados para o fazer, são os primeiros a não abdicarem de argumentos mais fundados na fé que nas contas. Entretanto, aquilo que poderia (deveria) ser um salutar e proveitoso exercício democrático, redunda numa perigosa troca de palpites, confundindo o cidadão comum, minando a confiança, destruindo aquilo que pretende salvaguardar: a liberdade de expressão, a democracia.

Há em Portugal uma boa mão cheia de investigadores, um razável número de especialistas, pagos com o dinheiro do contribuintes que têm (deveriam ter) a obrigação de fazer contas em conjunto e chegar a resultados que permitissem fazer opções. Se esse consenso acerca dos resultados das contas não é possível, porque nem todos fazem, ou não querem fazer, as mesmas contas, se a investigação na áerea da economia, e em particular neste caso, não permite ir além da continuação de um desacordo completo entre investigadores, para que precisamos desses investigadores? Mais: se eles não se entendem, que discussão é possível?

Dir-se-á: as contas são uma coisa, as opções políticas, outra. O que é verdade, mas a dúvida dá a volta: para que precisamos, então, de contas? E daqueles a quem pagamos para as fazer?

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