Thursday, December 01, 2011

DIA DA SOBERANIA

Que soberania?
O primeiro de dezembro foi durante a ditadura aproveitado para exaltação de um nacionalismo que, plantado em terreno de gente individualista,  nunca deitou raízes em terra portuguesa.

Salazar, que, só aparentemente, alimentou nos monárquicos a ideia da restauração da monarquia, mandava celebrar o primeiro de dezembro, dia monárquico, com desfiles, cadenciados por tambores e trombetas, dos lusitos da mocidade portuguesa. No cinco de outubro, de uma forma ou de outra, importunava as romagens dos republicanos e a exaltação repetida dos seus discursos.

Apesar da persistência de alguns apaniguados do regime e da resistência dos núcleos republicanos, as celebrações do primeiro de dezembro e do cinco de outubro passaram ao lado da esmagadora maioria dos portugueses. Eram, como alguns outros, feriados de que muitos desconheciam a razão de ser e lhes proporcionavam uma folga no trabalho.

Se as relações entre portugueses e espanhóis se estabeleciam "de espaldas" no imaginário popular de um lado e doutro, se de "Espanha nem bom vento nem bom casamento" alimentava um despique primário, muito comum entre países vizinhos, se Franco em algum momento pensou invadir Portugal, nunca alguma ameaça à soberania suscitou indignação colectiva depois do  ultimato inglês em 1890.

Até hoje.
A nove dias, dizem os pregoeiros da desgraça, da reunião que tem de decidir o grau de transferência de soberania para Bruxelas para que a Zona Euro subsista e a União Europeia caminhe no sentido de uma integração mínima que possa suportar uma zona económica integrada. 

Entre menos soberania no seio de uma União mais coesa e a soberania possível num mundo globalizado, ainda há quem defenda esta segunda hipótese. Se, por absoluta falta de senso político dos actuais líderes europeus, esta prevalecer, adeus Europa!

Mas nunca acontecerá por um arreigado instinto de nacionalismo da generalidade dos portugueses.

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